11.6.08

A MORTE ÍNTIMA


Li, antes de adormecer, o livro de Filipe Nunes Vicente, Educação para a Morte (Bertrand). Não se trata de blogue em forma de livro embora o autor recupere alguns posts de Mar Salgado. A partir da sua experiência profissional, Nunes Vicente "conta", em textos curtos, a "experiência" face a uma morte anunciada ou o que resta depois de uma morte consumada. Pelo meio há muitas citações que dão o "mote" a este curioso exercício sobre a antecipação "epistemológica" do luto. Marguerite Duras dizia que todo o amor é luto do amor. De certa forma, este livrinho é um repositório de algum "vivido" que antecipa o luto do amor em que consiste, tão só, a morte. Noutro livro com mais anos em cima, La Mort Intime, Marie de Hennezel, uma psicóloga clínica francesa, já tinha descrito a sua proximidade com situações terminais. No prefácio a esse livro, François Mitterrand - então a viver a sua pessoal "educação para a morte" - escreveu que «lors que la mort est si proche, que la tristesse et la souffrance dominent, il peut encore y avoir de la vie, de la joie, des mouvements d'âme d'une profondeur et d'une intensité parfois encore jamais vécues.» Nunes Vicente, sem ilusões e em poucas linhas, é disto que fala.

1 comentário:

Anónimo disse...

a morte é o único estado definitivo que conheço.
gostava de ressuscitar longe da cambada de palermas que levam portugal às arrecuas