Ontem, para poder fugir com o rabo à seringa da Ota, o senhor primeiro-ministro, no debate parlamentar do mês - um ritual patético que apenas serve a propaganda dos governos e algum teatro e do mau - acenou, talvez pela enésima vez, com a internet. São quinhentas mil as almas que o chefe do governo quer dotar com "banda larga" ou aparentada de "larga", de preferência os "pobrezinhos" que é aquela fórmula mágica a que a "esquerda moderna" sempre recorre uma vez esgotadas, para já, as "causas" tipo aborto ou casamentos entre um cão e um gato. A Sócrates não incomoda que as ditas crianças, as "pobrezinhas", escrevam com erros, levem porrada dos padrastos e, em última instância, sejam violadas pelo avô. O criancismo passou de repelente a arena do experimentalismo. São como ratos de laboratório das "políticas de educação", das "sociais" e, pela via do admirável mundo novo da www, da "cultural" que obviamente desprezam porque a ignoram. A "net" é apenas mais um brinquedo, o "chucha no dedo" do século XXI cujas potencialidades virtuais - as que importam - alguém jamais lhes explicará. A emergência de uma mama ou de uma pila famosas, consoante os gostos, a conversa com os amigos em tempo real e uns jogos bastam para tornar a receita mágica em mais um descansativo método da estupidificação geral em curso. Como escrevia Carrilho a propósito deste fictício deslumbramento do poder pela internet- era então Guterres o evangelista de serviço -, "o slogan do «acesso de todos à Net» pretende, no seu fervor militante, passar a ideia de uma nova igualdade, agora ao alcance do teclado, como se entre o analfabeto e o investigador, o rural e o urbano, o europeu cosmopolita e o habitante de África, as diferenças desaparecessem quando se «surfa» na Net. Ele ignora que, pelo contrário, é justamente aí que as diferenças mais se evidenciam, se nada as tiver atenuado, ou anulado, antes." Isto foi em 2000. Passaram apenas sete anos mas a "esquerda moderna" não aprendeu nada entretanto. São as mesmas velhas "ideias", travestidas de modernaças, para um país "real" que as aceita inerme na sua proverbial ignorância.
7 comentários:
Esta medida peca por... tardia! Estes benefícios deveriam ter existido há 7 ou 10 anos atrás quando do crescimento inicial das novas tecnologias em Portugal!
Uma medida destas actualmente é apenas propaganda e poucos resultados trará...
São ainda resquícios da passagem de “HardCosta” pelo governo!.
Claro que os novos computadores vêm todos com o sistema operativo do costume, sempre em rentável desactualização e a necessitar de enti-virús, anti-isto, anti-aquilo, esquema que já escraviza a população mundial em benefício do benemérito Bill.
É obvio que a divulgação da informática, se bem utilizada, é uma vantagem individual e colectiva.
Mas, pergunto, porque é que os nossos politiqueiros optaram pelo dispendioso sistema do patrão Bill e não foram para um sistema operativo gratuito e aberto que permite o estudo e a prática de programação e o desenvolvimento de programas autónomos.
Parece que foi essa a opção em Espanha.
É por estas e por outras …
R.A.I.
Parabéns, tem muita razão.
Não sei se muito apropriadamente mas esta anunciada decisão (mais uma) lembra a anedota respeitante a M.Antonieta. - Não têm pão? porque não comem croiassants?
Mais um excelente post. Análise certeira dos artifícios usados pelo PM para distrair as atenções do que realmente importa.
Já se sabe que o governo(?!)não tem ideias, nem planos, nem capacidade para coisa nenhuma - a não ser, claro, a manha suficiente para mistificar e ir enganando o Povo...
Mas o que preocupa mais é a aflitiva inépcia da oposição para pôr em cheque estes palermas, ignorantes e convencidos, que as eleições puseram à frente do País...!
Tudo isto me faz lembrar A sedução pela garrafa de Coca-Cola que cai em África, num filme de mau-gosto chamado "Os Deuses devem estar loucos".
Seduzir ignorantes com merda.
No meu comentário das 2:02 falei do soft e hardware, entretanto, ao almoço, um amigo alerou-me para o negócio da "banda larga" que a esta medida está conexa (desconto de 5€/mês durante 3 anos).
Dão-se "croissants" aos famintos de pão para dar negócio ao pasteleiro!
R.A.I.
Porque nao antes um PS3 para o pessoal brincar...Acho que deviam perguntar o que a malta quere e nao imporem coisas ao povo como no tempo do Salasar.
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