12.1.07

SEJAMOS CLAROS - 1

Para recorrer a uma conhecida expressão do meu amigo Paulo Gorjão e, a menos de um mês do referendo, talvez conviesse introduzir no debate um módico de qualidade de vida. O combate que o lado do "não" trava é, manifestamente, um combate difícil. Tão difícil como o de 1983 que permitiu a alteração da lei penal num sentido tão progressivo e claro que a circunspecta Espanha e a rapaziada da "movida" a copiaram. O folclore em torno das "medidas Zapatero" - casamentos de same sexers e, na prática, a total liberalização do aborto - e da respectiva jurisprudência não me impressiona nada e o mimetismo que se pretende fazer delas cá também não. Repito: o aborto é um crime, previsto e punido pelo código penal, e assim continuará a ser depois do referendo de 11 de Fevereiro. Há excepções a essa punibilidade, introduzidas pela legislação de 83 e alteradas em 97, que são mais do que suficientes para acautelar o que é de acautelar. Não cedo perante o anquilosado arquétipo feminista - nem que fique a falar sozinho -, nem perante o idiota das "condenações das mulheres". Os movimentos do "sim" que peçam ao sr. ministro da Justiça as "estatísticas" das ditas "condenações" e apresentem-nas a público, sem sofismas nem tretas. E vejam lá bem qual era o tempo de gestação das pobres "condenadas" e depois falamos. É grave que o partido maioritário que suporta o governo de Portugal utilize a demagogia mais rasca nos seus outdoors em defesa do aborto, conhecendo perfeitamente a realidade. Lembrem-se de que a realidade é mais forte do que a imaginação, do que a legislação e do que mentira. Aconteça o que acontecer, ela ficará infelizmente indemne e milhares de mulheres e de vidas por vir continuarão a sofrer as consequências do "progresso" legislativo. Por fim, uma questão de valores. A minha civilização comporta uma cultura da vida contra as trevas e a morte por indignidade ou necessidade. Cada um, agora, escolha a sua.

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