Depois de um episódio com gente viva em Desperate Housewives, no canal Fox, passei pela RTP onde se debatia a justiça. Da frescura e da graça de Wisteria Lane, aterrei directamente no moribundo e soturno mundo da "justiça" portuguesa, "interrogado" pela sempre ladina D. Fátima Campos Ferreira. Perorava, nesse instante, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça e eu, confesso, fugi instantaneamente da sala. Lembrei-me de, há umas semanas, no mesmo programa, Medeiros Ferreira ter defendido Portugal como "um país de eventos". Que melhor "evento" se poderia desejar para este país do que uma sumária e aplicada "varridela" nesse mistério ensimesmado que é a "justiça portuguesa"? Será que os seus "administradores", os juízes, não se dão conta da "imagem" que passam para uma opinião pública que, em tese, está, indemne, nas suas mãos? Será que é possível alguém rever-se na figura - naturalmente respeitável e veneranda - do presidente do STJ, que murmura diante das câmaras um discurso ininteligível e vagamente "sindicalista", com um monte de papéis confusos à sua frente? Muita gente deve perguntar-se, com inteira legitimidade, a que remota arca perdida se vão buscar estas criaturas estratosféricas que têm lugar de destaque na hierarquia do nosso pobre Estado. A confiança dos cidadãos no "Estado democrático" e na sua credibilidade, também passa - ou sobretudo passa - pela confiança e pela credibilidade transmitida pelos "órgãos de soberania". Com a "justiça" de novo na rua, como num PREC serôdio, e com os seus "representantes" a darem diariamente espectáculos deprimentes, valerá a pena?
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