O ministro das Finanças deu uma entrevista à SIC Notícias. Além de "técnico" - parece que bom -, Teixeira dos Santos é fundamentalmente um agente político e manifesta a devida consciência disso. Foi - e é essa - a sua vantagem em relação a Campos e Cunha, cuja "gramática da demissão" jamais será explicada. À semelhança de Bagão Félix, também Teixeira dos Santos tem andado a explicar "politicamente" o seu orçamento, contando com a ajuda do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais que parece falar de um sistema fiscal "ideal", digamos, do tipo do Chile moderno, e não da realidade que tutela. Quanto aos benefícios fiscais, por exemplo, deve perguntar-se se o influente "parque bancário" não terá ficado satisfeito e se, pelo contrário, os pensionistas remediados não terão razões para desconfiar do primeiro orçamento socialista. E, depois, os impostos - indirectos, sobre o consumo - aumentam, de facto. O automóvel andará menos e com mais gasolina em 2006. Houve, no entanto, um detalhe curioso na entrevista de Teixeira dos Santos. Ao arrepio do que José Sócrates tem andado a dizer - mal -, este ministro admite - e bem - introduzir portagens nalgumas SCUTS. Não é a primeira vez que Sócrates e os seus ministros das Finanças não acertam completamente o passo. Aparentemente este ministro dispôe de uma força política - e político-partidária, sobretudo - que escapava por inteiro a Campos e Cunha. Se ele falou nas SCUTS, não o fez inocentemente, nem deve estar à espera que não se solidarizem com ele. As autarquias, as regiões autónomas, mesmo as afectas ao PS, torceram-se todas com este Orçamento. Esta amável sugestão de Teixeira dos Santos sobre as portagens não deve agradar a muito nababo local. A seu tempo, alguém quebrará. Resta saber quem será o primeiro.
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