24.10.05

PERGUNTAS E RESPOSTAS

1. Luís Grave Rodrigues, do Random Precision, "desafia-me" a responder à "parte" da crítica política que faz a Cavaco Silva, num post onde a mistura com referências desagradáveis. Não possuo nenhum mandato para falar "em nome" do candidato que apoio, mas julgo que é importante que se faça um debate sério em torno das presidenciais e não chicana gratuita. Aliás, dois artigos do Público de domingo - de António Barreto e de Mário Mesquita - constituem bons contributos para esse debate. No seu texto, LGR coloca várias perguntas que, como ele bem sabe, só a leitura do "manifesto eleitoral" de Cavaco Silva poderá responder e outras, ainda, que só o decurso da campanha esclarecerá. Porém, há assuntos que LGR levanta e cuja "resposta" já julga adivinhar por causa das convicções pessoais e religiosas de CS. Pode ser que, nalguns casos, tenha alguma surpresa e noutros, naturalmente, obtenha confirmação. Uma pessoa credível não costuma ceder no essencial e é bom que assim seja senão éramos todos "iguais". No entanto, parece-me inequívoco - e só por má-fé compulsiva ou por ignorância desculpável é que se pode defender o contrário - que CS tem obviamente perfil "para representar Portugal nas mais altas instâncias internacionais". Já o fez, no âmbito da direcção da política externa que pertence ao governo, quando exerceu o cargo de 1º ministro e acho que ninguém se queixou. Pergunte ao socialista Felipe Gonzalez, por exemplo, o que é que ele opinava sobre CS quando ambos eram os chefes de governo da Península Ibérica. Achará porventura LGR que CS não está à altura da representação externa do Estado Português - que é uma das funções do PR - apenas porque não encara o cargo como um híbrido monárquico-jacobino destinado a exibir universalmente lugares-comuns ou vaidades pessoais? Ou, pior, porque aí o argumento seria puramente reaccionário, por pensar que CS não é suficientemente "civilizado" para o efeito?
2. Quanto à minha posição, simultaneamente de suporte a CS e de crítica à recandidatura de M. Soares, a quem, por duas vezes, apoiei, reproduzo parte de um post escrito em Setembro que sumariza, por agora, o essencial. O "regime", se não se regenerar, afunda-se, mais tarde ou mais cedo, nas suas trapalhadas e na sua venalidade. Restaurar, com sensatez, a sua autoridade, sem pôr em causa a "natureza das coisas", é a tarefa mais nobre do próximo PR. Não é preciso ser "presidencialista" para achar que não é com magistraturas "monárquico-republicanas", requentadas com discursatas redondas e vazias, que "isto" lá vai. Cavaco não virá para a "desforra", como se insinua maliciosamente, e o país sabe-o. Sócrates tem um mandato claro que o obriga a ser mais clarividente do que tem sido. Ninguém mais do que Cavaco Silva aprecia a "estabilidade" para que se possa fazer alguma coisa. Mário Soares apenas quer a "estabilidade" - a dele - para não mudar nada e para embaraçar Sócrates quando este não respeitar o "cânone". Cavaco deverá transmitir solitariamente aos portugueses quais as razões políticas que o fazem ser, agora e de longe, o concidadão que, na chefia do Estado, melhores condições possui para prestigiar a democracia e honrar, com decência e um módico de equilíbrio, as instituições. Para isso não precisa de uma "corte". Basta-lhe estar só, com Portugal.

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