Ontem, ao comentar o "barómetro" presidencial que colocava Cavaco distanciado dos mais próximos na "corrida" presidencial, Medeiros Ferreira (sempre e praticamente só ele, eu não tenho culpa...) disse que havia "qualquer coisa que não bate certo neste barómetro, porque a soma de todos os candidatos de esquerda pouco ultrapassa os 30 por cento". E acrescentou que não via "a esquerda, que saiu das últimas eleições legislativas com 60 por cento dos votos, agora reduzida a pouco mais de 30 por cento". Esta frase traduz a grande ilusão do "20 de Fevereiro". MF quer forçosamente somar o que não é somável. Já nessa altura, o hoje candidato Mário Soares recorreu ao mesmo argumentário. Nada existe de mais distinto na política portuguesa contemporânea do que o híbrido das "esquerdas". O que é que Louçã tem a ver com Jerónimo, e vice-versa, ou Sócrates, um "social-democrata", com aqueles dois? Que "agendas" têm estas almas em comum? Os "barómetros" e "sondagens" têm repetidamente demonstrado que a fluidez eleitoral amorteceu o tradicional confronto entre a "esquerda" e a "direita". As pessoas simplesmente votam para "correr" com alguém ou para escolher uma "válvula de segurança" independentemente da cor da blusa. Não é estranho que, em 30 anos de democracia, o PS só tivesse chegado à maioria absoluta com um neófito pouco dado ao jacobinismo político próprio da seita? Ou que Louçã, tão moralista e urbano, perdesse nas autárquicas depois de uma "subida" razoável nas legislativas? Ou que Jerónimo, o generoso estalinista de Pires Coxe, arrancasse uma votação muito equilibrada nas mesmas autárquicas? Cavaco parte para estas eleições com o voto - garantido ainda antes da procissão sair do adro - de muito bom povo de "esquerda", na acepção que lhe dá M. Ferreira. É tão simples quanto isso. Por outro lado - e já o escrevi várias vezes - não foi a "esquerda" que levou Sócrates à maioria absoluta, como MF bem sabe. Todas as "esquerdas" subiram a 20 de Fevereiro e nem todas se mantiveram - a começar pelo PS - nas autárquicas. Fazer o género de contabilidade que MF faz, não leva a lado nenhum, mas percebe-se por que é que é feita. Não tarda nada começam as "reuniões" e os "apelos" contra o perigo. No entanto, toda a gente já avançou tanto que qualquer recuo, nesta altura do campeonato, seria puro descrédito. Falta, à "esquerda" de M.Ferreira, um verdadeiro ungido. Parece que o seu não é totalmente o dela. A "mão esquerda de Deus" anda, de facto, um pouco adormecida.
1 comentário:
ai ai mónica,até aposto que foi
depois de lêr o seu comentário.que
f. josé viegas se inspirou para escrever sobre que tipo de pessoas "levaram lá o Sócrates".FORÇA NA AJUDA AO CAMARADA CAVACO!!!!OU ENTÃO,TALVEZ,
SEI LÁ...
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