NA CAUDA
O Prof. Carmona, uma eminência técnica descoberta por Santana Lopes e que exerce provisoriamente as funções de ministro das obras públicas, é uma pessoa respeitável, esforçada e, até, simpática. Não merecia que lhe caíssem em cima coisas como a Bombardier, o metro de Santa Apolónia, o dossier da Carris e algumas inaugurações de metros de estradas e de pontes cheios de complicações. No tempo do PS, esta área tinha o nome eufemístico de "equipamento social", mas os propósitos eram exactamente os mesmos que vinham do auge do betão dos anos 80. Todo o bom "barão" socialista queria a pasta. Fernando Gomes, por exemplo, perdeu-a para Jorge Coelho, em 99. E este, justamente por causa de uma ponte, passou-a a Ferro Rodrigues. Com a emergência do Dr. Barroso, e em apenas dois anos, as "obras públicas" já conheceram duas caras. Em grande medida, dada a natureza das coisas, os ministros subsequentes passam a vida a inaugurar projectos concebidos ou "lançados" por outros. Projectos que normalmente começam por custar 20 e acabam em 70, 80 ou mais. É o caso da ponte nova sobre o Mondego que, prenhe de "auto-estima", o Dr. Barroso vai inaugurar, juntamente com o Prof. Carmona e o estimável Dr. Encarnação, da Câmara local. Esta magnífica obra, pirosamente baptizada de "Raínha Santa Isabel", e anunciada pelo profeta Guterres em 97, salvo erro, depois de vicissitudes várias que traduzem a infinita promiscuidade reinante entre as autarquias, os partidos (todos), os projectistas "amigos" e os empreiteiros (também "amigos"), chegou ao fim com um rol de dúvidas quanto à sua gestão ao longo destes penosos sete anos. É triste que nunca se consiga erigir nada de bom neste País de merda sem que não se levantem, de imediato, suspeitas sobre a lisura e a maturidade dos procedimentos. É por estas e por outras que, apesar dos tais "30 anos de evolução" do Dr. Sarmento, continuamos onde sempre, com pequenas intermitências, estivemos. Ou seja, na cauda.
Sem comentários:
Enviar um comentário