6.5.04

A RUÍNA

Passaram 30 anos sobre a criação do PPD, depois PSD. A criatura de hoje nada tem a ver com a que foi apresentada ao País por Sá Carneiro, Pinto Balsemão e Magalhães Mota em 1974. Nem tão pouco tem a ver com o partido do malogrado Mota Pinto, quando eu para lá entrei, e ainda menos com o período de "ouro" de Cavaco Silva. Durão Barroso, quem entusiasmadamente apoiei em 1985 quando Cavaco saiu, gere presentemente um equívoco. Com a chegada ao poder há dois anos e com a infeliz aliança com o pequeno partido de Portas, Durão Barroso ficou refém de uma geração ambiciosa, mas genericamente impreparada e oportunista. Dirige um partido amplamente incaracterístico, amorfo e sentado confortavelmente em quase todas as cadeiras do poder, onde convivem e conspiram "novos" e "velhos valores" unidos pelo mesmo propósito de não largar, custe o que custar, as referidas cadeiras. Por mais que vocifere contra o "conservadorismo de direita" e contra as "modas neoliberais", Durão Barroso sabe que, apesar desse tropismo linguístico, é essa a "moda" ditada pelos corifeus do regime que ele apascenta. Ainda se isso representasse algum "progresso", menos mal. Porém, este PSD, diluído na pior e mais medíocre convergência político-partidária da democracia, parece uma montanha a parir ratos. O governo que ele sustenta alimenta uma perigosa realidade virtual que, em cada dia que passa, se surpreende na sua própria irrealidade. O actual PSD é uma sombra de si mesmo. Sobre algum do seu passado "glorioso", representado nalguns dos rostos que se juntaram a Durão Barroso ao almoço, ergue-se apenas, tragica e paradoxalmente, já que o momento é de "poder", uma ruína.

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