A CONFIANÇA
Segundo o Sr. Martin Kallen, ouvido pelo Expresso como responsável da UEFA no Euro-2004, "em Portugal é fácil pôr uma bomba num estádio porque podemos sempre encontrar uma pessoa corrupta". Assim, de uma penada, a "imagem" que o Sr. Arnaut e o Dr. Figueiredo Lopes alardeiam como sendo a da maior e fraterna segurança festiva para o campeonato da bola, caiu, em segundos, no chão, graças a esta meia dúzia de palavras secas do Sr.Kallen, claramente um proto-estudioso da "identidade nacional". O mais interessante desta "perspectiva" é, naturalmente, a sua visão de um País "tropical" e terceiro-mundista, onde presentemente reina o contentissimo Dr. Barroso. A observação - "podemos sempre encontrar uma pessoa corrupta" em Portugal - devia levar os ditos "responsáveis", e outros profundos "pensadores" da "coisa pátria", a meditarem no significado de tamanha e realística crueza. Nem aqueles que consentiram, lá fora, na realização do disparate do Euro 2004 em Portugal, acreditam em nós. E parecem, pelo menos, ter a noção de onde e com quem é que se vieram meter. Não há grande novidade nisto, porém. Se percorrermos as "impressões de viagem" de ilustres e menos ilustres estrangeiros que nos visitaram desde o século XVIII, a "raça" não nunca foi particularmente estimada. O Sr. Kallen, apenas por causa do inefável futebol, limitou-se a chamar a atenção para a confiança que ela merece.
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