24.7.10

DO CONVENTO PARA O CABARET

Julgo que o calendário era este com rostos de padres pouco parecidos com os dos nossos muito respeitáveis parócos de aldeia. Se de cara são assim, é evidente que o despojamento das batinas fora das horas de expediente é perfeitamente compreensível e seja em que "modalidade" for. A castidade é muito mais uma instância intelectual do que física e, talvez, mais um imperativo hipotético do que categórico para recorrer ao jargão kantiano. Da mesma forma que o celibato. E, depois, a ética, como lembrava Deleuze, é estarmos à altura do que nos acontece. Um padre não é menos vigário de Cristo da Terra - ou "menos" homem - por deambular entre os prazeres terrenos tal como eles sempre se manifestaram. Mas haverá um momento que lhe conviria escolher para, justamente, poder estar à altura do que, pelos vistos, o próprio faz acontecer. Na missa ou na cama.

3 comentários:

Anónimo disse...

Jornalismo de lixo não se comenta.

floribundus disse...

parece que esteve a ler o crime de Eça.
'o hábito não faz o monge',
mas ajuda

escreveu Torga sobre os que, como dizem os nossos irmãos do Brasil vivem 'a cavalo em cima do muro'

'é como o fruto maduro
do outro lado do muro
com medo de ser comido
e medo de ali ficar'

www.angeloochoa.net disse...

J.G.:
A provar sua asserção de que os prazeres do mundo não estão de todo vedados aos «párocos de aldeia» cito-lhe ou melhor lembro uma passagem do clássico de Bernanos no original francês e na tradução do famigerado João Gaspar Simões:
Quando o padre fez uma volta com aldeão de moto e teve uma das maiores emoções de sua vida com o vento a dar-lhe pela face violento.
Por aqui me fico embora mais se me dera dizer do tema e fecho com o consabido excelso fecho do «journal» de um pároco de aldeia:
«Tudo é graça!»