15.12.09

CONTRA A REGIONALIZAÇÃO


É mais uma imbecilidade que, volta não volta, regressa. «Invocam os partidários da regionalização, por ignorância ou má-fé, que países de superfície igual ou inferior à de Portugal estão regionalizados. E citam a Bélgica e a Suíça. Ora a Bélgica tem de facto duas regiões distintas: a Flandres, onde se fala flamengo e a população é protestante e a Valónia, onde se fala francês e a população é católica. A Suíça (...) é constituída por um mosaico de cantões, de religiões várias e línguas distintas: fala-se o francês, o italiano, o alemão e o romanche, para além das línguas da imigração, praticam-se as religiões católica, protestante, ortodoxa e muçulmana.» (Do Médio Oriente e Afins). Nós falamos uma língua única, a de pau, da qual faz parte a regionalização enquanto necessidade de agradar aos "tony carreiras" da política nacional. Já chega de "autarcas".

21 comentários:

radical livre disse...

a rataria quer ainda mais lugares bem remunerados
o resto é conversa fiada

como os contribuintes diminuem e estão mais pobres
haverá mais endividamento externo

os vindouros que paguem os estragos socialistas

Garganta Funda... disse...

Devido à minha proveniência geográfica, sou suspeito em relação ao tema em epígrafe.

Contudo, concordo com o Dr.João Gonçalves, quando diz que é um perfeito disparate comparar ou insinuar a «regionalização» do Continente com a «regionalização» da Bélgica ou da Suiça.

Nestes dois países muito «sui generis», o que existe não é nenhuma «regionalização» mas sim uma ampla autonomia politico-administrativa nos seus diferentes territórios, motivada e potenciada por razões históricas, étnicas, linguisticas, religiosas e culturais.

Na minha qualidade de açoriano - e sei do que falo - sou pela regionalização do Continente, mas não nos moldes em que o tema é proposto, pois a pior coisa que poderia acontecer à verdadeira regionalização seria entregá-la agora à partidocracia vigente e à inculta classe politica que pontifica nesta terra devastada.

O grande atraso de Portugal - desde tempos imemoriais, com excepção dalguns períodos de absolutismo iluminado e da ditadura do Estado Novo - foi ter sido governado a partir de Lisboa, com a aquiscência duma corte de provincianos deslumbrados na sua estadia na capital.

Hoje Portugal é orgânicamente um país litoralizado, com a reinante macrocefalia perdulária de Lisboa, e com o interior e a zona raiana entregue aos bichos e aos castelhanos.

Talvez com a subida dos oceanos os portugueses regressem às serras e às planícies...

Daniel Santos disse...

Compreendo. Uma só região comandada por Lisboa.

Anónimo disse...

Estou longe de acompanhar este assunto mas sugiro, nestas coisas de administração do território, a fusão de concelhos (cada conseclho não deveria ter menos do que, digamos 70-80.000 hab.). Os actuais concelhos muito populosos devem ser fragementados para a mesma bitola. Se nestes, as divisórias cortarem malhas urbanas (o que seria mau), os concelhos criariam um nível supraconcelhio que abraçariam a mancha urbana!

Algo de idêntico aplicar-se-ia as freguesias!

Depois de criadas massas críticas concelhias, aí sim, pensar no que se pensa hoje... e mesmo assim...


Renato P M Ribeiro

Nuno C. disse...

Para quem ainda leva a sério os argumentos dos ecofascistas de Copenhaga, segue-se mais um eloquente exemplo:
Copenhaga, 15 Dez (Lusa) - Os Estados Unidos da América estão a contar com as vacas para salvar o planeta, tendo sido firmado um acordo com a indústria dos laticínios para reduzir emissões de gases poluentes.
O secretário norte-americano Tom Vilsack anunciou hoje um acordo com a indústria norte-americana de lacticínios para reduzir a emissão de gases com efeitos de estufa em 25 por cento até 2020, o que vai ser conseguido sobretudo pela captação de metano do estrume das vacas que costuma ser deitado na atmosfera.
"Este acordo histórico, o primeiro deste tipo, vai ajudar a cumprir o objectivo ambicioso de reduzir drasticamente as emissões poluentes, beneficiando os agricultores. O uso de estrume para a tecnologia é vantajoso para toda a gente", afirmou Vilsack.
Para ajudar quem quer sair do manicómio informativo sobre a temática, http://mitos-climaticos.blogspot.com/

Nuno Oliveira disse...

Sou a favor da regionalização. MAS!! Acabem com com as câmaras municipais e todas as juntas de freguesia com menos de 20 mil habitantes. Reduziria-se de 4259 juntas para cerca de 500 e acabariamos com 308 camaras municipais. Pelas minhas contas pouparíamos cerca de 1000 milhões de euros. Claro que a dor de cabeça que surgiria com onde gastar o dinheiro primeiro seria brutal...

Anónimo disse...

Nestas coisas da "regionalização" existem sempre algumas particularidades "tugas", algumas delas já aqui identificadas.

Olhando aquilo que foram excelentes exemplos de regionalização, existem de facto motivos para algum alarmismo, nomeadamente de alguns caciques bem conhecidos, os quais muito gostariam da dita "regionalização", exemplo:

- Fatima Felgueiras;
- Avelino Ferreira Torres;
- Narciso Miranda;
- Major;
- Isaltino;
- Narciso Miranda (a rena alentejana do MEO,...

Isto só para identificar alguns, e se outros forem de igual calibre regionalização é logo à partida um caso de sucesso.

Resta no entanto um pequeno detalhe. :D . Se ao fenómeno "regionalização" couber alguns tabefes aos Sr. (Santo) Francisco d'Assis, a minha adesão é total.

A

Rui

PS. Apenas para apreciadores, e porque o dia é chuva, de Jules Massenet : Elegie : O Douz Printemps d'Autrefoix.

douro disse...

Uma correcção : a Flandres belga é bem mais católica que a Valónia francófona. Na Bélgica os protestantes, seja de que variante for, são uma minoria insignificante.
Quanto ao regionalismo, em tempos pensei como o João mas entretanto Lisboa conseguiu demonstrar-me que é fundamental que o país crie Regiões. Não se trata de saber se é para criar mais aparatchiks ou despesa (argumentos marginais) mas sim de estabelecer regras claras para uma verdadeira coesão nacional.

Anónimo disse...

Contra a regionalização estamos de acordo, mas citas alguém que dá factos errados e, diga-se, não deveria. To put the record strait: na Flandres a população é católica. Muito católica mesmo e conservadoramente católica, (então as igrejas de Bruges, Gant e Antuérpia, hen?) Tal como na ponta sul da Holanda (a sul do rio não-sei-quê que agora não tenho tempo de ir confirmar). Breda e Tilburg, bem como Maastricht, são cidades católicas, de "ar" católico, tradição católica. Na norte desse dito rio está Dordrecht que, essa sim, é as protestant as you can get, severa e austera. Este cosmopolitanismo português é um "must".
Joana

Nuno Oliveira disse...

Não questionando os vossos conhecimentos dos outros países e depois de já ter afirmado que sou a favor da regionalização, quero acrescentar uma coisa que foi dita no Prós e Contras da semana passada.
Queremos que Portugal seja um território homogéneo (algo praticamente impossível) ou queremos que Lisboa e o Porto sejam competitivos com Madrid e Barcelona? Tenho que discordar do argumento da coesão nacional como justificação para uma regionalização, ainda por cima quando, como diz o douro, não interessam a despesa ou os tachos.
Meu caro douro: não há dinheiro para tudo! Muito menos para continuar na sem vergonhice por causa de valores patrióticos. Sou defensor da regionalização porque acredito que se pode fazer muito noutras regiões do país que acaba sempre sendo preterido por uma visão centralista.
Mas também acho que a regionalização seria uma boa oportunidade para se reformar de uma vez o sistema político: acabar com as juntas de freguesia com o carteiro a ser presidente no seu tempo livre, acabar com os presidentes das Juntas de freguesia geridas por quem não sabe ler nem escrever (acreditem que são mais do que se poderia pensar!), terminar com as câmaras municipais que são demasiado grandes para que haja algum controlo e onde existe um despesismo incontrolado, etc., etc..
Juntas de freguesia com cerca de 20 mil habitantes permitiria que tivessem dinheiro suficiente para fazer algo sem ser demais para se descontrolar. Haver regiões (5,8, discutivel) acima das juntas onde o planeamento por um período de pelo menos 10 anos é feito por um concelho composto por alguns dos presidentes das respectivas eleitos pelos mesmos. O corpo de gestão das regiões sería apenas um intermediário defensor do planeamento junto do governo e distribuidor dos fundos para as juntas. Não teria capacidade decisora de modo a não poder utilizar os fundos para algo que não fosse o planeamento feito pelas ditas juntas. Isto é um exemplo de algo que se pode fazer - cheio de falhas provavelmente - onde o intuito é haver uma grande capacidade de fiscalização sobre os dinheiros públicos.

João Pedro disse...

"Acabem com com as câmaras municipais e todas as juntas de freguesia com menos de 20 mil habitantes"

Não sei onde vive o comentador Nuno Oliveira, mas presumo que não seja a mais de 30 kms de distância do mar. Eu gostava de saber como é que as populações de pequenos concelhos com fracos acessos e estruturas iam sobreviver; obrigavam-nas a ir para as cidades, como se fazia na Roménia de Ceausescu? Condenava.se ainda mais essas pessoas ao isolamento?

Blogue de Júlio de Magalhães disse...

Tendo alguns leitores manifestado desacordo quanto à afirmação contida no meu post de que os flamengos são protestantes, esclareço:

Os flamengos são tradicionalmente protestantes. Recorde-se a guerra travada contra os Habsburgos que pretendiam instaurar o catolicismo na região.

Devido exactamente às perseguições a que foram sujeitos, muitos flamengos que se conservaram protestantes emigraram progressivamente para os Países Baixos.

Aquando da criação do Reino dos Belgas, que incluiu a forte componente católica da Valónia, essa emigração acentuou-se. Assim, os flamengos protestantes são hoje minoritários na Flandres, o que não quer dizer que não existam. Aliás, no meu post não afirmei que eram maioritários. Desde a criação da Bélgica, oficialmente católica, houve muitas conversões ao catolicismo. Mas os flamengos que se converteram ao catolicismo ou os que são agnósticos ou ateus continuaram a ter o sentimento de pertença a uma comunidade específica, que hoje se manifesta especialmente pelo não uso da língua francesa.

Assim, o meu texto, não curando de saber se os protestantes eram maioritários ou não, pretendia demonstrar a existência de duas comunidades bem diferenciadas.

Anónimo disse...

Como se fossem só a Bélgica e a Suiça ! Praticamente todos os países europeus, pelo menos os "ocidentais", são regionalizados.
A Austria, por exemplo, bastante mais pequena que Portugal, é um estado federal. Coitados, imaginem lá o que lhes deu, aos Austriacos, são mesmo uns patetas, um estado federal daquele tamanho. Não admira que seja um dos países mais pobres da europa.

Nuno Castelo-Branco disse...

Na Flandres (Bélgica), a população fala neerlandês e é católica. Não é de forma alguma protestante. Este consistiu num dos factores que levou à criação da Bélgica em 1830, separando-se do norte holandês e protestante. tanto a Valónia como a Flandres, são católicas. Aliás, na Flandres, a percentagem de praticantes e de gente que se considera religiosa, é muito superior em relação às regiões francófonas.

iupi disse...

o suposto 'argumento' da superfície não é dos partidários da regionalização: é uma armadilha dos partidários da não regionalização.

e sim senhor, queremos uma Lisboa em cada capital distrito, com tudo o que isso acarreta.

teremos que diminuir a existente para podermos fazer as outras?
fiat

Nuno Oliveira disse...

Caro João Pedro, vivo em Lisboa. Mas trabalhei num projecto que me obrigou a visitar as juntas de freguesia de várias zonas do país. Sabe qual foi a maior queixa dos presidentes das respectivas juntas? Falta de dinheiro! A razão é muito simples: é distribuído de acordo com a área da freguesia e do número de habitantes. Como deve calcular a população é factor predominante nessa equação.
Como também deverá calcular, facilmente um governante descartará as necessidades de um representante de meia dúzia de pessoas quando ao lado está um representante de milhares. Mas talvez não distinguisse se os representantes tivessem pesos iguais (ou parecidos). Isolamento? Acha que criando uma entidade acima do que existe actualmente irá acabar com esse isolamento? Acha que o peso político da junta de freguesia responsável pela aldeia isolada é suficiente para conseguir seja o que for mesmo existindo as regiões? Não sei qual de nós está mais ciente da realidade do país, mas eu já falei com muitos presidentes de junta de locais ermos... e você?

Anónimo disse...

Segudo me dizem é notícia de ultima hora, a assinatura de contrato entre o turismo de Lisboa e a Red Bull, para a realização do festival aéreo em Lisboa.Parabéns, a todos os provicianos de Lisboa, que batem palmas a este golpe de asa do turismo de Lisboa. Repare-se que para promover Lisboa, não foram "roubar" um evento internacional a uma outra cidade da europa ou de outro lado qualquer.Não, foram "roubar" o evento a uma outra cidade do país. Ou seja, podíamos ficar com 2 eventos a promover o País, mas não, continuamos só com um, porque o turismo de Lisboa não esteve para ter trabalho a localizar ou promover a realização de outro grande evento. E depois, o regionalismo é que quer dividir o País ! E eu que pensava que o país era tão pequenino que, até de Lisboa em bicos de pé se podia ver o Festival. Enganei-me.

João Gonçalves disse...

Caro leitor imediatamente anterior... neste blogue (eu) a indiferença, para ser delicado, para com esse "evento" é absoluta. Até podia ter lugar em Marte. Sobretudo em Marte. E oportunamente disse aqui o que pensava dessa "prioridade" do edil Costa. Estou-me nas tintas para "eventos" circenses independentemente de onde ocorrem.

Anónimo disse...

Caro João Gonçalves,

a questão aqui, não está no evento em si, mas sim no comportamento de um instítuto público que usa o nosso dinheiro para "roubar" o Red Bull de uma cidade do país para a capital.
São situações como estas que se repetem n vezes e que fazem com que quase 30 anos depois da adesão à UE, as assimetrias entre o resto do país e Lisboa, em vez de se esbaterem, agravam-se. É um caso único na Europa comunitária.

Jose Silva disse...

caro João, deixe de ser pequenino...

Em 2007 a Dinamarca implementou a Regionalização e simultaneamente a extinção de 2/3 das autarquias. Um modelo a seguir em Portugal para acabar com o centralista e falacioso argumento dos tachos ou da despesa pública.


The Municipal Reform of 2007 is the name given to the agreement of merging many municipalities, as well as replacing the 13 counties with five regions, which was ratified by the parties Venstre, Conservative People's Party, Danish People's Party, Social Democratic Party and Det Radikale Venstre on June 16, 2005 effective as of January 1, 2007.

The reform replaced the structure of municipalities and counties introduced with the reform of 1970.

Since the counties weren't the only structure based on the municipal layout of Denmark, other related changes were necessary as well. Thus, police districts (reduced from 54 to 12), court districts (reduced from 82 to 24), and electoral wards also needed to be updated after the municipal reform.

http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_municipalities_of_Denmark#Municipal_Reform_2007

Nuno Oliveira disse...

Obrigado José. Vem de encontro ao que eu dizia. Mas vou mais longe nas razões pelas quais gostaria que assim fosse.
O que nós precisamos é de uma verdadeira reforma do sistema político. Claro que o dinheiro também é muito importante. Mas tudo isto está intrinsicamente ligado aos circulos uninominais. Precisamos de gente na política que tenha uma verdadeira intenção de fazer algo pela sua região. A regionalização reforçaria tudo isto. E como puderam verificar num comentário meu mais acima, sou de Lisboa e por conseguinte isento neste tema. Mas tento ser justo em tudo o que penso e faço na minha vida. Não é possível resolver um grande número de necessidades quando tudo é centralizado.
Quanto à Red Bull race, muito sinceramente, não poria de parte uma jogada quase digna de Lucifer pelos regionalistas: que melhor maneira de levantar as vozes normalmente inertes dos portugueses do que tirando-lhes algo emblemático? E que gente mais renhida e vociferante existe no país do que as pessoas do Norte? Portanto caro Anónimo, esteja contente por perder os aviõezinhos pois talvez ganhe a guerra! Pena é que o local não é mais acima no Tejo que talvez pudesse ver da janela de casa...