Há uma passagem fundamental no Anel do Nibelungo de Wagner - em A Valquíria - na qual Wotan, descrevendo à sua filha preferida Brünnhilde a "história" precedente que fez dele o deus que em breve deixaria de ser, deseja simplesmente "o fim" (das Ende). Por aqui também se defende, sem hesitações, dramas ou jogos de linguagem o fim deste regime. Porquê? O Rui Ramos sublinha perfeitamente a coisa. «O primeiro governo de Cavaco e os de Guterres eram minoritários, mas tinham dinheiro; o de Sócrates, não tem. Este é o problema. Em minoria, só se governa bem quando há um bolo para dividir – não quando é preciso apertar o cinto. Guterres, em 2001, fugiu mal percebeu que ia acabar a abundância. Durante anos, a classe dirigente arranjou adesões, selou compromissos e cultivou boas vontades através da despesa pública. Era assim que se governava – e é assim que já não é possível governar. A chamada "ingovernabilidade" traduz o esgotamento desse modelo político e social, e não o simples medir de forças entre os partidos no Parlamento. Mesmo que os políticos decidissem dar-se bem e fosse feita a vontade a Manuel Alegre, que não quer ouvir mais "profetas da desgraça", nem por isso deixaria de haver drama. Porque há um drama: o do fim deste regime.» Abençoado drama.
13 comentários:
Permito-me fazer minhas as suas palavras: Abençoado drama (com maiúscula propositada).
Aproveito a oportunidade para desejar a si e a todos os leitores deste excelente Blog, um Feliz natal e um Ano Novo igualmente feliz e próspero.
Maria
Voltámos ao mito do fim do dinheiro da UE, depois de tranformados em contribuintes líquidos.
Às vezes habituamo-nos às coisas e não nos apercebemos o quão engraçadas podem ser frases como esta:
..."Guterres, em 2001, FUGIU mal percebeu que ia acabar a abundância."
LOL!!
Viva o fim!
Sei perfeitamente - ou desconfio muito - onde é que o Rui Ramos QUER chegar. Já agora, subscrevo.
Pronto, pronto, Nuno, já cá faltava a incursão. Olha que não é nada disso.
Bendita «ingovernabilidade»!
Há males que vêm por bem.
Ou, quem não tem dinheiro nao tem vícios.
Apoiado!!!!
O fim do regime actual significa que passa a haver seriedade, honestidade, ambição, exigência, qualidade, vontade de construir algo mais alto que nós?
Ou são as moscas que mudam?
Respeitinho, Dr. João Gonçalves. Respeitinho é uma coisa muito bonita, e que você devia praticar. Os outros sabem o que fazem e cabe a V. Ex.ª ter mais respeitinho e andar mais sossegado.
olha, lá vem outra vez o tal do respeitinho...irra!
Es ist vorbei. Ganz vorbei. Agora é só contar os meses que vão parecer anos. E claro está, ir rezando para que a Realidade não irrompa brutalmente depressa demais qual cobrador de fraque.
Muda o regime e continua o resto na mesma. Parabéns.
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