4.7.09

O FIM SIMBÓLICO


«Com o seu primeiro-ministro cercado pela esquerda e pela direita e, principalmente, pela ingratidão do país, Pinho não se aguentou. Outros fugiram. Outros não abriram a boca. Ele heroicamente fez "corninhos". Como, de resto, o Governo os faz continuamente a todos nós. A tradução correcta dos "corninhos" parece que é, segundo as melhores fontes, "Vocês que se lixem".»

Vasco Pulido Valente, Público

«O valor que tem uma imagem de um segundo num debate de quatro horas, numa governação de quatro anos e meio! Os cornos que o ministro da Economia apontou a deputados da oposição no último debate da legislatura sobre o estado da nação ganharam logo ali dimensão política porque simbolizaram a forma como o Governo sempre tratou a oposição e todos os seus críticos: com a arrogância, a violência retórica e o desprezo antidemocrático resultantes da política da propaganda. O Governo optou desde 2005 por sobrepor a propaganda à política. O país foi aguentando, como o líquido que vai dissolvendo a substância que nele se deita. Mas no Verão de 2009 o país atingiu o ponto de saturação: já não consegue dissolver a propaganda. Tudo o que o Governo lhe diga, mesmo se verdade, é rejeitado. Mais 150 milhões e mais 50 milhões? Mais uma solução para a Quimonda? Uma boa solução para Aljustrel? Verdade ou mentira, já estava para lá do ponto de saturação. A demissão de Pinho resultou do viver — e do morrer — pela propaganda, marcando por isso o fim simbólico do governo.»

Eduardo Cintra Torres, idem


Adenda: Pinho não interessa. Só interessa, como salientam estes autores, como símbolo. E perigoso, como revelou ontem o deputado Bernardino Soares: "estás lixado comigo" ou coisa parecida, foi o vómito não escutado do entertainer ministerial. Quando não há nada, nada se pode construir sobre o nada. Nem a melhor propaganda, nem jornalistas voluptuosos, nem comentadores deslumbrados na sua proverbial ignorância e oportunismo, nem todos os milhares pagos a agências de comunicação operam milagres. Sócrates foi fruto de uma circunstância feliz e de muitas infelizes. "Era a vez dele", como diria o dr. Coelho, esse "fabricante" mágico dos Sócrates do PS. O PSD também tinha um, por sinal íntimo de Coelho, e vejam lá como acabou. Sem glória, um misto de apresentador de uma hagiografia do admirável líder e de inopinado banqueiro de memória duvidosa. Uma "nova república" deve varrer este lixo tóxico. Recomeçar com mais dos mesmos (ou dos outros), não vale a pena.

10 comentários:

Manuel Brás disse...

Com a queda angelical
do regime socialista,
a mudança será radical
contra gente miserabilista.

O líquido saturado
de uma substância fedorenta,
deixa o país irado
contra esta política bolorenta.

A violência retórica
durante esta legislatura,
é a verdade histórica
de uma república imatura.

Anónimo disse...

Desde há muito tempo que sinto uma atmosfera de fim de regime!
Escrevi isso em letra de forma há meses* no «Luta Social», explicando-o e fundamentando.
Agora aparece à vista desarmada e toda a gente vê ...
Bem, talvez um dia as pessoas tenham em maior conta o que eu e meus companheiros do Colectivo Luta Social dizemos. O que escrevemos sobre estes temas passa por um crivo de análise, auto-crítica, discussão com pessoas amigas. Só quando há uma convicção muito forte, se avança com determinadas afirmações.
Há -efectivamente- uma atmosfera de fim de regime, visível desde há algum tempo.
Manuel baptista

*artigo «Portugal, país neocolonial?» nos Cadernos Luta Social Nº4

Alvinho disse...

Ofereço-me para encabeçar uma comissão organizadora de uma homenagem nacional ao fantástico Manuel Pinho. Faço parte do grupo de bajuladores do Pinho. Apreciei nele, sempre, a sua pontualidade, a forma como em Bruxelas se bateu pelos interesses nacionais - era o ministro mais presente nas reuniões europeias - o grande respeito que tinha - e tem - pelos seus adversários, o grande respeito que tinha, também, pelos dinheiros públicos. Ter um amigo como o Joe Berardo, outra figura fantástica do nosso firmamento, só o pode encher de orgulho. Tão amigo do Berardo, espero que o Mário Crespo, mais uma figura fantástica, me ajude nesta homenagem devida a Pinho. Espero que me convide para ir seu programa apresentar o programa das festas...

Anónimo disse...

Ide levar no cu,
Sr. Manuel Brás.
Você é mesmo fraco,
leve agora por trás.

Os seus versos não interessam,
estão sempre aqui a mais.
Como eles já a todos cansam,
leve por trás como os animais.

Morra Manuel Brás!
Morra! Pim!
Isto já é demais,
chega de chinfrim!

radical livre disse...

o verdadeiro Sócrates escreveu em Fedro
«as nossas maiores benção chegam pela via da loucura».

o sô zé deixa o país a pedir

Mani Pulite disse...

A BESta está desesperada!O Sócretino está moribundo,a PT não conseguiu correr com o Moniz e a MMG da TVI,o seu funcionário Cornudo foi corrido do Governo sem pré-aviso,a MFL vai ser Primeira Ministra em Setembro.Socorro!tenho de dar uma entrevista ao pasquim Sócretino i.revelar que estava por detrás da conspiração pós 7 de Junho para tentar salvar o defunto Grande Líder.Agora só me resta esperar pelo verdadeiro Furacão que chega no Outono já sem me poder esconder debaixo das saias da Titi.

Anónimo disse...

Bom dia! E muito importante:

http://gataescondida.wordpress.com/2009/07/04/a-liberdade-de-expressao-e-a-blogoesfera/

Bem-hajam!

joshua disse...

Nem mais!

Anónimo disse...

E a Manela não será "recomeçar com mais dos mesmos (ou dos outros)?
Ou será que vê na senhora sangue novo?

CCz disse...

Enquanto assistimos, das bancadas do circo, ao duelo verbal na arena, pleno de truques de retórica e oratória, no meio dos gritos e graçolas e da poeira levantada, esconde-se a realidade... não sei se a escondem ou se são tão broncos que ainda não a perceberam.
.
Este país está a caminhar para um estouro medonho e ninguém fala disso a sério, fora da lógica politico-politiqueira. Fiquei estupefacto quando descobri a comparação entre a queda da receita de impostos entre Portugal, Inglaterra e Itália: -20%, -10% e -4%.
A diferença é tão grande, tem de querer dizer algo... não sei bem o quê.
.
Até estremeço só de imaginar o que virá depois das eleições.