No editorial do Público escreve-se que «o que Manuela Ferreira Leite mostrou nos dias do bloqueio é a sua vocação para a frieza, a contenção e o calculismo.» O editorialista nem sequer tem dúvidas. «Muito mais do que um gesto táctico, o silêncio de Manuela Ferreira Leite nos dias duros do bloqueio dos camionistas foi um silêncio cínico.» Pacheco Pereira, aliás, que faz as despesas do "pensamento manuelino", produziu um longo artigo sobre "os camionistas", no mesmo jornal, onde "esclarece" o não-discurso da líder sem nunca dela falar. A coisa, porém, parece-me bem mais simples. Ferreira Leite, ao contemplar a triste figura de Sócrates, limitou-se a seguir o bom ensinamento de Napoleão: «se vires o teu inimigo a cometer um erro, nunca o interrompas.»
10 comentários:
E, no entanto, isso não serviu de muito a Napoleão que, derradeiramente, também não foi interrompido de deixar de relevar e de existir sob todos os pontos de vista.
PALAVROSSAVRVS REX
a degradação da situação económica e os protestos mostraram à saciedade como o poder do pm é frágil, provisório e aleatório. em momentos trágicos o silêncio dos outros mostra melhor o seu vazio. sente-se nele falta de convicção.transformou-se num autómato que debita palavras.
portugal não será mais um locus amenus
PQP
Está tudo explicado! Bom ponto de vista!
Pois a explicação do silêncio de Manuela parece-me mais simples: Se vires as barbas da situação a arder põe as da oposição de molho. E diga Pacheco o que disser é tão simples como isto
NA SUA crónica de hoje, Nuno Brederode dos Santos compara a actuação de MFL à dos jogadores que apostam no preto e no vermelho ao mesmo tempo e que, depois, só falam do que ganharam. Mas (pelo menos no que toca à roleta), julgo que o racicínio tem uma falha:
É que, além do 36 números (de 1 a 36) para os quais a afirmação é verdadeira, há um 37.º, o ZERO; e quando ele sai, quem ganha é a casa.
Quanto a mim, e se a comparação é válida, a MFL saiu o ZERO.
Habituem-se...
Vai haver muitos destes silêncios... Ensurdecedores...
Enquanto a Drª Leite não se livrar da Matriz Social-Democrata de forma a conseguir alinhar uma ideia ou perspectiva para o país... ou simplesmente tentar ajudar na resolução de um prloblema.
Talvez haja sido melhor assim, termos ficado com a mudez de MFL. A decepção com as banalidades proferidas poderia ser muito mais penosa.
Quanto aos áugures oficiais ou oficiantes de MFL, deles se dirá, mais cedo ou mais tarde, que, também eles, derramaram a sua prolixa fala de banalidades, a respeito da pretensa sabedoria política de MFL, que, como o outro, calada, permanecerá sempre filósofa.
Não concordo com essa interpretação da atitude de MF Leite. Ela não disse nada pela mais comezinha das razões : não sabia o que havia de dizer !
Aliás, não deixa de ser curioso que os socialistas não tenham chamado a atenção para o facto de MF Leite, líder do maior partido da oposição, se ter abstido de dar uma simples palavrinha à nação acerca do criminoso bloqueio dos camionistas. Uma abstenção tanto mais digna de reparo quanto a senhora não perdeu tempo a vir manifestar a sua crítica à opinião dos irlandeses, contrària ao tratado dos burocratas europeus. Uma burocrata de carreira não podia reagir doutra forma, é claro.
A verdade é que a veneranda Drª Manuela veio prestar um valioso serviço ao PS e ao Primeiro Ministro José Sócrates: ela dá “credibilidade” ao PSD, uma virtude que vem valorizar a próxima vitória de Sócrates nas legislativas. Derrotar o pobre coitado do Menezes não dava prestígio a ninguém.
«se vires o teu inimigo a cometer um erro, nunca o interrompas.»
Ora aqui está, ler os clássicos não chega, é preciso saber interpretá-los, é como a vida. Ora, onde está o erro de Sócrates? Sai disto impecávelmente. Muito melhor que, por exemplo, Zapatero.
Há, aqui , caro João Gonçaves, leitura precipitada e ingénua.
Será que só eu é que percebi que isto era um assunto para ACATAR directivas ( Políticas) da União-Europeia?
Meninos: estamos face uma hierarquia (geográfica e afins). E as coisas vão ao ritmo de cada um ( ter em conta que os Camionistas Espanhóis e Franceses não estão num mesmo plano circunstancial que os nossos).
Quanto aos modos dos camionistas, muito criticados, há também a ter em conta que aqueles senhores não tomam PROZAC, logo: a emoção está à flor da pele! ( Este reparo é do âmbito do ridículo, mas enceta muita verdade tb!). Vale.
Desculpem-me lá ... mas reparem bem como a Espanha e a França vão tratar o assunto. Depois atirem-me lá as pedras. Vale
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