Enquanto os cocabichinhos ao serviço do governo andam a tentar descobrir a melhor maneira de "emprateleirar" funcionários do Estado que não chegam a receber quatro dígitos por mês, o mesmo Estado, por interposta CP - quem diz CP, diz EDP, diz GALP e todas essas empresas onde a política circula como a electricidade ou a gasolina nos canos -, permite que um quadro qualificado - que foi administrador dos caminhos-de-ferro e não exactamente um tótó ou um imberbe do partido que precisava de "começar a vida" - estivesse seis anos literalmente a ver "passar os comboios" e a ser bem remunerado para isso. Chama-se Arménio Matias e cheguei à "história" pelo Público (sem link) que remete para este post deste blogue. Não sei se o governo e os seus serventuários de bastidores já se deram conta de que estão a criar, em surdina, um problema social grave que acresce, a cada dia que passa, ao económico. A "prateleira" não é apenas - ou sobretudo - um problema dos trabalhadores e dos "quadros" com boas qualificações ou inequívoca especialização. A ignorância, como sempre atrevida e cega, tende a colocar tudo e todos no mesmo saco para "poupar". Acontece que não poupa - este é um bom exemplo - e que não tem uma estratégia. De disparate em disparate, os "tecidos" económico, produtivo e social deterioram-se a cada dia que passa sob o olhar ora complacente, ora displicente, ora simplesmente irresponsável de que tem a responsabilidade. Cada vez mais longe da famosa "média comunitária" e cada vez mais longe de nós próprios como sociedade que devia fazer sentido e que não tem um.
3 comentários:
É a lógica do merceeiro de aldeia, que domina estas doutas alminhas pensantes destes governos de incapazes. Boa semana.
Tambem apanhei a noticia no Público esta manhã.
Um dos assuntos que vieram à superfície, poderá merecer um apontamento:
NAER: OTA X RIO FRIO
DN (1Ago 05) - extracto do suplemento Economia (Engº Arménio Matias, ADFER):
“Da comparação das quatro opções consideradas, conclui-se”:
Da análise global de um conjunto de aspectos objectivos, a melhor opção é Montijo B e a PIOR a Ota;
No aspecto operacional a melhor opção é o Rio Frio a e a PIOR a Ota;
Na perspectiva da engenharia a melhor é Montijo B e a PIOR a Ota;
No aspecto ambiental a melhor é Rio Frio e a pior é Montijo A;
Na perspectiva da acessibilidade a melhor é o Montijo A e B e a PIOR Rio Frio *;
No aspecto do esforço financeiro nas infra-estruturas e da própria TAP a melhor é Montijo B e a PIOR a Ota;
Na perspectiva da operação simultânea com a Portela e dos investimentos inerentes a melhor solução é o Montijo B e a PIOR a Ota.
Conclusões da ANA de 1994, esmagadoras para a decisão do governo** em 1988, que, com base no risco de colisão com aves, conduziu à precipitada escolha da Ota.
Obs minhas:
* Contariam já com a ponte Vasco da Gama? Junte-se-lhe uma nova ponte ferroviária para Lisboa (TGV).
**Informação pública da DECISÃO na TV: dois ministros, o da tutela, e a do ambiente, para lhes aumentar a coragem, reduzindo a responsabilidade!
PS: para quem por acaso acompanha as noticias sobre o novo aeroporto de Lisboa, apesar de não ser da minha área, desde o governo de Marcelo Caetano, e conhecedor do território (Ota/BA2 e Montijo-Rio Frio/BA6) é de pasmar.
O caminho do abismo.
Se o PR deixar.
Z
É de louvar a atitude do Sr. Arménio Matias, administrador da CP. Peca, no entanto, por ser tardia. "Na prateleira" durante seis anos, "sem fazer rigorosamente nada" e a ganhar 3500 euros por mês? Convenhamos que a decisão agora tomada levou demasiado tempo a amadurecer!
Gattopardo
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