12.1.07

A POSIÇÃO


Por uma vez a Fernanda Câncio tem razão. D. José Policarpo e a Igreja portuguesa entraram mal no debate sobre o aborto. Titubearam. O Cardeal Patricarca de Lisboa, muito antes da aprovação da pergunta a referendar, deu a entender que a Igreja não iria envolver-se de forma activa no assunto, conhecida que é por demais a sua posição, em particular a dos últimos dois papas. Quando muito, a Igreja, os seus membros e os "leigos", como cidadãos com os mesmíssimos direitos e deveres de quaisquer outros, deveriam participar no debate e ajudar a esclarecer. Entretanto, a Igreja "evoluiu" da posição inicial de D. José Policarpo para o envolvimento total dos seus membros na campanha, a começar pelo próprio, por exemplo, na mensagem de Natal e numa outra escrita. Apesar de católico - um mezzo credenti como Vattimo -, não faço do tema do aborto uma questão religiosa. Se o fizesse, não poderia ser favorável aos dispositivos legais em vigor como sou desde 1983. Salvo o devido respeito, a Igreja portuguesa parece estar já a preparar-se de facto para o dia seguinte.

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