Por razões diferentes, gosto de praticamente todos os "dez maiores portugueses" da D. Elisa. Entre o Infante D. Henrique e D. João II, prefiro este e outro que lá não está, D. Manuel. Entre Camões e Pessoa, escolho os dois, ambos melancolicamente traídos por um país que os não mereceu. Tenho pena que não esteja o Eça. O Gama lembra-nos um vago tempo em que parece que fomos grandes e imaginativos. Já Afonso Henriques nunca me impressionou diferentemente de Sebastião José de Carvalho e Mello, que sempre admirei, e que o pacovismo e a "reacção" ancien regime nunca suportaram. Aristides Sousa Mendes seria um herói em qualquer parte do mundo porque era um verdadeiro cidadão do mundo. Restam os "grandes" do nosso século XX, para além de Pessoa e Sousa Mendes: Cunhal e Salazar. Todo esse tempo se forjou em torno deste último. Com ele e contra ele, o Portugal político dos novecentos girou sempre à sua sombra tutelar. Cunhal "fez-se" na luta contra Salazar e Salazar perpetuou-se, entre outras coisas, em nome da luta contra o que Cunhal representava. Cunhal viveu o suficiente para assistir àquilo a que ele chamou uma amarga derrota. Salazar, pelo contrário, morreu indemne. Estes "dez grandes" de um jogo televisivo não nos representam, afinal, tão mal quanto isso. Foram como nós somos, eternos oscilantes entre o sonho e o nada, como escreveu Camões em "Os Lusíadas".
7 comentários:
O Eça? Ainda hei-de tentar perceber qual a fixação da nossa classe intelectual para pôr nos píncaros este escritor em detrimento de outros.O Eça tinha a pior das características portuguesas. Falar mal sem nunca ir ao fundo das questões! E depois escreveu aquele livro "A Cidade e as Serras" onde começa muito bem e depois não sabe como acabar o livro que entretanto fica cheio de personagens riquíssimas que ele não consegue descrever nem dar vida.
Ora bolas para o Eça!
Hoje acordei mal disposto, desculpem lá...
Por essa lógica, nos 10 maiores Alemães deverá estar Hitler, nos 10 maiores Russos Estaline, nos 10 maiores Etiopes aquele sanguinário de que não me lembro o nome e por ai adiante. Certo?
Rui C
O Gama é como aqueles pontas de lança que aproveitam bem todo o jogo que os outros fizeram. Maior seria Afonso de Albuquerque que foi grande estratega e planificador, coisa pouco comum nos portugueses.
Afonso Henriques é maior do que aquilo que vulgarmente se conta e que tem uma biografia completamente falhada por Freitas do Amaral. Foi sem dúvida nenhuma um visionário e um grande português.
Quanto ao infante e a D. João II, creio bem que devem muito e devemos todos muito a essa grande mulher que foi Filipa de Lencastre, mas essa não era portuguesa, mas se coube Santa Isabel esta também caberia.
Agora o Eça!!!! Valha-nos Santa Engrácia...
Ó anónimo
Não está a confundir Salazar com Hitler ou Estaline pois não? Cunhal foi a prova de que não era confundível...
...agora chegou a moda anti-EÇA!!!
Valha-nos, realmente, Santa Engrácia para vos poder suportar!!!
o único português - pequeno ou grande, é igual - que existe, ou melhor, existiu foi D. Afonso Henriques.
Foi o único que quis de verdade ser português, todos os outros - e muitos deles reconhecem-no - aconteceu-lhes, para sua eterna mágoa, serem portugueses, querendo ser outra coisa qualquer, principalmente noutro sítio qualquer.
Se é para escolher os melhores portugueses,não basta ter nascido em Portugal.Nascer parece que nasceu em solo nacional mas em tudo(ou quase tudo)o resto Cunhal não é português.
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