É triste ver o desespero de causa que leva Mário Soares a levantar a questão da pensão de Cavaco. É a mais desapropriada das questões, em particular, vinda de Mário Soares que se pensava estar acima deste tipo de ataques rasteiros, que nele tem o precedente da campanha contra a situação conjugal de Sá Carneiro. É exactamente o mesmo tipo de tiros desesperados, alimentando a nossa inveja socializada de país pobre, que normalmente se voltam contra quem os dispara. O problema é que no caminho deixam lama por todo o lado, atingindo sempre mais quem mais próximo está dos defeitos típicos do nosso sistema político e do seu crónico desprestígio. E isso, queira-se ou não, seja injusto ou não, será sempre mais fácil de cair em cima de um político como Soares do que de um político como Cavaco.
«Somos poucos mas vale a pena construir cidades e morrer de pé.» Ruy Cinatti joaogoncalv@gmail.com
31.10.05
"TRISTE"
É triste ver o desespero de causa que leva Mário Soares a levantar a questão da pensão de Cavaco. É a mais desapropriada das questões, em particular, vinda de Mário Soares que se pensava estar acima deste tipo de ataques rasteiros, que nele tem o precedente da campanha contra a situação conjugal de Sá Carneiro. É exactamente o mesmo tipo de tiros desesperados, alimentando a nossa inveja socializada de país pobre, que normalmente se voltam contra quem os dispara. O problema é que no caminho deixam lama por todo o lado, atingindo sempre mais quem mais próximo está dos defeitos típicos do nosso sistema político e do seu crónico desprestígio. E isso, queira-se ou não, seja injusto ou não, será sempre mais fácil de cair em cima de um político como Soares do que de um político como Cavaco.
SUPER-HERÓIS?
Adenda: No mesmo sentido, o Elba Everywhere.
A "FALTA DE MUNDO"...
A RAZÃO...
"Cavaco vai ganhar e vai ser um excelente Presidente para trabalhar com um excelente primeiro-ministro."
Entrevista ao jornal Público/Rádio Renascença/2:
O QUE É QUE MUDOU?
“o Portugalete apareceu-me [...] com huma cara de vilãozinho, encarquilhada, muy trefo, tudo penedos escabrozos e montes, sem nenhuma lhanesa, muyta silveiyra e a terra partida aos palmos com suas paredinhas, como quem diz. Isto he meu, não he teu, não me furtes as minhas uvas [...]
in "Fastigimia", de Thomé Pinheiro da Veiga
(in cristovao-de-moura)
30.10.05
OTELLO...
MUDANÇA DA HORA
"Pronto. Vai anoitecer mais cedo, outra vez. Já não basta vir aí o inverno, ainda temos de lhe adoptar a puta da hora. Aos tipos que gostam do inverno, e aos que acham bem que fique escuro mais cedo, havia a noite de lhes começar às onze da manhã. Todos os dias."
A "ARTILHARIA PESADA"
O DICHOTE POPULISTA
O MEMBRO
29.10.05
O GUERREIRO NO SEU LABIRINTO
UM LIVRO
Harold Bloom, Where Shall Wisdom Be Found?, Riverhead Books, New York, 2005
O VELHO "NOVO HOMEM PORTUGUÊS"
SETECENTOS E UM
REACÇÕES
28.10.05
BATER NO CEGUINHO
A GRANDE ILUSÃO
27.10.05
VALE A PENA
UM MOMENTO
MÍSIA E ARDANT
Quando se ateia em nós um fogo preso,
O corpo a corpo em que ele vai girando
Faz o meu corpo arder no teu aceso
E nos calcina e assim nos vai matando
Essa luz repentina até perder alento,
E então é quando
A sombra se ilumina,
E é tudo esquecimento, tão violento e brando.
Sacode a luz o nosso ser surpreso
E devastados nós vamos a seu mando,
Nessa prisão o mundo perde o peso
E em fogo preso à noite as chamas vão pairando
E vão-se libertando
Fogo e contentamento,
A revoar num bando
De beijos tão sem tento
Que não sabemos quando
São fogo, ou água, ou vento
A revoar num bando
De beijos tão sem tento,
Que perdem o comando
Do próprio esquecimento
LER
A "BOUTADE"...
PORQUE NÃO?
O "PATHOS" DO PASSADO
Adenda: No final da inauguração da sede de campanha do dr. Soares, a mandatária Amaral Dias, num arrebatamento feito de nostalgia "anti-fascista" e de "bloquismo" primitivo, avisou que "daqui partimos da resistência para a luta". Em que mundo e em que tempo viverá a ilustre mandatária?
CAVACO REVISITADO
K: Não o incomoda a condescendência da burguesia portuguesa consigo?
Sei o que a burguesia portuguesa pensa de mim. Não venho da «cultura de cocktail», como toda a gente sabe. Depois da Figueira da Foz, percebi que tinha entrado, de uma forma inesperada e radical, num novo universo e que, se não me adaptasse depressa e não surpreendesse, era crucificado.
K: Gosta da burguesia portuguesa?
Respeito as diferenças; respeito o direito à diferença.
K: Gosta ou não gosta?
Depende das pessoas. De algumas gosto.
K: E os ares de superioridade dos «intelectuais>,? Não o afectam?
Alguns julgam-se uma vanguarda esclarecida. O pior, para eles, é que se enganaram.
K: Em quê?
Fizeram, por exemplo, previsões catastróficas sobre o que ia suceder ao País e a mim, pessoalmente.
K: E as insinuações sobre a sua cultura?
Sou especialista de determinados assuntos, não sou de outros: e não pretendo fingir que sou aquilo que não sou.
K: E não se irrita?
Não. Acho algumas dessas pessoas bastante azedas e um bocado frustradas. Mas não me irrito. Continuo a minha vida com toda a normalidade.
K:Onde está a Direita e onde está a Esquerda em Portugal?
Foram desaparecendo... foram desaparecendo. Hoje é difícil identificar claramente uma Esquerda e uma Direita em Portugal. As transformações do mundo arrasaram as barreiras ideológicas. E em Portugal, desculpe que lhe diga, também contribuí um pouco para isso. O eleitorado tornou-se fluido e move-se com uma facilidade inconcebível há meia dúzia de anos. Quem imaginava que milhares de eleitores comunistas pudessem vir a votar em mim, ao mesmo tempo que milhares de eleitores do CDS?
Sempre que o Presidente da República, seja ele quem for, membro do partido do poder ou chefe do partido da oposição, interferir nas competências do governo cria inevitavelmente instabilidade no País. O Presidente deve ficar confinado às suas funções. Cabe ao governo conduzir a política geral do País. O Presidente não dispõe dos instrumentos necessários para o fazer e, se o fizer, fá-Io-à por força pela negativa...
26.10.05
OS TORTUOSOS CAMINHOS...
GOSTOS
"O QUADRADO"
"OS PORTUGUESES CONHECEM-NO"
PATÉTICO
25.10.05
A RAZÃO...
Razões para votar Cavaco
O fim do unanimismo à volta da figura do Presidente da República.
O "MANIFESTO"
O "AMADOR" E O "PROFISSIONAL"
Adenda (das onze da noite): O dr. Medeiros Ferreira encara a recandidatura do dr. Soares como um brinquedo novo há muito prometido. Cada gesto, mesmo que previsível, é "novo". Por isso, gostou de ver os mandatários, o dr. Vieira de Almeida, e a colega de blogue, Joana Amaral Dias, "serenos nas suas convicções". O primeiro estava tão sereno que nunca chegou a abrir a boca, nem para as televisões. A segunda, ouvi-a murmurar umas vacuidades sobre um dr. Soares que, ao contrário de MF, ela acabou de conhecer. "Convicções"? Mas diz mais MF. "Ainda não será desta que o regime democrático ficará à mercê dos indiferentes e dos seus inimigos", afiança. Mas, meu caro amigo, com tantos candidatos presidenciais -só o PS tem dois - e ainda com a eventual emergência de um "Pintasilgo de direita", "encavalitado" no seu estimulante candidato, acha mesmo que existe "indiferença"?
QUEM MANDA -2
QUEM MANDA
Adenda: Complementar com este post do Jorge Ferreira.
24.10.05
DIZER "NÃO"
LER OS OUTROS
PERGUNTAS E RESPOSTAS
2. Quanto à minha posição, simultaneamente de suporte a CS e de crítica à recandidatura de M. Soares, a quem, por duas vezes, apoiei, reproduzo parte de um post escrito em Setembro que sumariza, por agora, o essencial. O "regime", se não se regenerar, afunda-se, mais tarde ou mais cedo, nas suas trapalhadas e na sua venalidade. Restaurar, com sensatez, a sua autoridade, sem pôr em causa a "natureza das coisas", é a tarefa mais nobre do próximo PR. Não é preciso ser "presidencialista" para achar que não é com magistraturas "monárquico-republicanas", requentadas com discursatas redondas e vazias, que "isto" lá vai. Cavaco não virá para a "desforra", como se insinua maliciosamente, e o país sabe-o. Sócrates tem um mandato claro que o obriga a ser mais clarividente do que tem sido. Ninguém mais do que Cavaco Silva aprecia a "estabilidade" para que se possa fazer alguma coisa. Mário Soares apenas quer a "estabilidade" - a dele - para não mudar nada e para embaraçar Sócrates quando este não respeitar o "cânone". Cavaco deverá transmitir solitariamente aos portugueses quais as razões políticas que o fazem ser, agora e de longe, o concidadão que, na chefia do Estado, melhores condições possui para prestigiar a democracia e honrar, com decência e um módico de equilíbrio, as instituições. Para isso não precisa de uma "corte". Basta-lhe estar só, com Portugal.
23.10.05
"BLASÉ"
Adenda: Outro exemplo do aqui digo, vem do blogue de Luís Grave Rodrigues, o Random Precision, que eu costumo seguir com alguma atenção. Depois de uma (legítima) crítica "política" ao candidato Cavaco Silva, o autor termina o post com esta desnecessária "pérola" alarve, referindo-se àquele nestes termos: "manequim de Boliqueime, babado de bolo-rei pelos cantos da boca...". Tudo indica que os "índices" de civilidade da blogosfera, mesmo da que, em princípio, se poderia considerar intelectualmente séria, irão descer abruptamente nos próximos tempos, raiando mesmo a sarjeta. E o pior ainda está para vir.
FERNANDA BOTELHO
A CULPA NÃO É DELE
O DIA BANANA
22.10.05
CUMPRIR A PALAVRA
PÁSSAROS
LIXO
CHEGA E SOBRA
21.10.05
CAVACO...
"AMIGOS"
DO "RESPEITO"
20.10.05
O PORTA-VOZ DE SI PRÓPRIO
LER
"IT'S POLITICS, STUPID"
19.10.05
A FALHA
DÚVIDA
O PRIMEIRO
18.10.05
DE QUEM?
COMO UM CHARRO
17.10.05
SE
TENHAM MEDO
A SÉRIO?
16.10.05
LER...
NADA MAIS
"CHEIOS DE OUTRAS COISAS"
Meditação do Papa Bento XVI após o "Canto da Hora Tércia" na "Abertura da Congregação Geral da XI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos"
"NADA DURA PARA SEMPRE"...
15.10.05
LER OS OUTROS
QUASE TUDO
14.10.05
UM LIVRO
"Quanto Puderes"
E se não podes fazer a tua vida como a queres,
pelo menos procura isto
quanto puderes: não a aviltes
na muita afinidade com o mundo,
nos muitos movimentos e conversas.
Não a aviltes levando-a,
passeando-a frequentemente e expondo-a
em relações e convívios
da parvoíce do dia-a-dia,
até se tornar como uma estranha pesada.
13.10.05
O APÓSTOLO LOUÇÃ
NÃO DEVIA?
HIER ENCORE
J'avais vingt ans
Je caressais le temps
Et jouais de la vie
Comme on joue de l'amour
Et je vivais la nuit
Sans compter sur mes jours
Qui fuyaient dans le temps
J'ai fait tant de projets
Qui sont restés en l'air
J'ai fondé tant d'espoirs
Qui se sont envolés
Que je reste perdu
Ne sachant où aller
Les yeux cherchant le ciel
Mais le cœur mis en terre
Hier encore
J'avais vingt ans
Je gaspillais le temps
En croyant l'arrêter
Et pour le retenir
Même le devancer
Je n'ai fait que courir
Et me suis essoufflé
Ignorant le passé
Conjuguant au futur
Je précédais de moi
Toute conversation
Et donnais mon avis
Que je voulais le bon
Pour critiquer le monde
Avec désinvolture
Hier encore
J'avais vingt ans
Mais j'ai perdu mon temps
A faire des folies
Qui ne me laissent au fond
Rien de vraiment précis
Que quelques rides au front
Et la peur de l'ennui
Car mes amours sont mortes
Avant que d'exister
Mes amis sont partis
Et ne reviendront pas
Par ma faute j'ai fait
Le vide autour de moi
Et j'ai gâché ma vie
Et mes jeunes années
Du meilleur et du pire
En jetant le meilleur
J'ai figé mes sourires
Et j'ai glacé mes pleurs
Où sont-ils à présent
A présent mes vingt ans?
Charles Aznavour
FÁTIMA EM OUTUBRO
12.10.05
PRIMEIROS E SEGUNDOS
O CANDIDATO JERÓNIMO
O REMORSO
He cometido el peor de los pecados
que un hombre puede cometer. No he sido
feliz. Que los glaciares del olvido
me arrastren y me pierdan, despiadados.
Mis padres me engendraron para el juego
arriesgado y hermoso de la vida,
para la tierra, el agua, el aire, el fuego.
Los defraudé. No fui feliz. Cumplida
no fue su joven voluntad. Mi mente
se aplicó a las simétricas porfías
del arte, que entreteje naderías.
Me legaron valor. No fui valiente.
No me abandona. Siempre está a mi lado
La sombra de haber sido un desdichado
Jorge Luis Borges