Em Fevereiro, quando votámos - eu votei - no Partido Socialista, aceitámos por boas as propostas de Sócrates, independentemente do patriótico dever de remover Santana Lopes. Por outro lado, também achámos - eu achei - que uma maioria absoluta, para "fazer o que devia ser feito", também seria recomendável. Acontece que, nalgumas matérias, a "maioria" não acerta decididamente o passo. A campanha - Sócrates - prometeu um referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez para a nova legislatura. Como se não houvesse nada de mais premente para resolver, o PS decidiu avançar com uma proposta de referendo logo no Verão, o que Sampaio rejeitou. Depois, tentou de novo a sorte na abertura do parlamento em Setembro- contando com a "abertura", desta vez, de Sampaio e de Jaime Gama -, o que gerou um imbróglio jurídico que, pelos vistos, o Tribunal Constitucional vai decidir "contra" os referidos PS, Sampaio e Jaime Gama. Não contente com esta sublime trapalhada - na qual o líder parlamentar socialista tem tido um papel inesquecível -, o PS prepara-se agora para "dar o dito por não dito", esquecendo a "promessa" do referendo, para aprovar na Assembleia o que jurou colocar à consideração da cidadania. Se isto avançar, Sócrates presta um mau serviço a si próprio e à sua credibilidade enquanto dirigente político. Este assunto não é tratável administrativamente, nas secretarias político-partidárias, apesar do conformismo embaraçado de Jorge Sampaio. Aliás, foi Socrátes quem, com toda a clareza, sempre disse que só o mesmo método - o referendo - poderia ser utilizado para decidir, de novo, o problema. Ninguém tem culpa, a não ser o PS, da forma errática e incompetente como a questão tem vindo a ser tratada, desde as eleições, a benefício de uma inexplicável "pressa". Tenho Sócrates por um homem de palavra. Espero, por isso, que a cumpra.
1 comentário:
Na sequência do meu post anterior e falando ainda de promessas, quero acrescentar uma "coisinha": não andou recentemente a blogosfera de direita excitadíssima, exigindo os estudos da OTA e do TGV, argumentando que, tratando-se de projectos "megalómanos", Sócrates não os deveria levar adiante, deixando assim cair a promessa feita? Então em que ficamos? Para a OTA e o TGV, já serve não cumprir promessas, mas para a despanalização do aborto não? Que raio de democracia é a vossa?
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