13.3.05

SEXO E A CIDADE

1. O primeiro-ministro começou bem. Em vez das habituais vacuidades proclamatórias, Sócrates foi aconselhado a deixar logo "preto no branco" duas "medidas". Uma - a dos medicamentos - irritou sumariamente a corporação farmacêutica. Um bom sinal. A outra - coincidência do referendo à constituição europeia com as autárquicas - é, no mínimo, sensata, isto se o "regime" não quiser passar por mais um vexame. Também a "forma" ajudou. A rapidez e a discrição da posse parecem indiciar um novo estilo anti-espectáculo o qual, nem por isso, deixa de ser menos mediático.
2. Até Jorge Sampaio se conteve, contrariamente ao que tinha acontecido no "dia internacional da mulher". De facto, soube pelo País Relativo que Sua Excelência disse esta coisa extraordinária: "não é justo nem razoável que persistam enviesamentos masculinocêntricos tão acentuados na selecção das questões políticas agendáveis". Esta "tirada" deve ter caído no goto das "mulheres socialistas", raivosas com o desprezo a que Sócrates as votou na constituição do governo. Sócrates decidiu não considerar as "mulheres" como uma "questão política agendável" e demonstrou um preocupante "enviesamento masculinocêntrico". Ou seja, não foi "politicamente correcto". Também aqui esteve bem. A política não deve ter sexo. Alguém que a ela é chamado não o deve ser por ser homem, mulher ou hermafrodita. Deve-o ser apenas porque serve ou não serve, porque é competente ou não é e porque tem alguma densidade ou não tem. Nem a piloca nem as maminhas são para aqui chamadas. Só mesmo a cabeça.

1 comentário:

Anónimo disse...

E com estes argumentos que nao saimos da cepa torta. As Naçoes Unidas têm programas de alfabetizçao que visam raparigas e programas de micro-credito que visam mulheres. E porquê? Porque consideram que paises com elevadas taxas de escolarizaçao de mulheres com espirito empresarial e de liderança nestas contribuem fortemente para o desenvolvimento geral do paìs. Transpondo agora esta abordagem para a nossa sociedade é evidente que se a maioria da populaçao puder contribuir mais nas varias areas o paìs sò terà a ganhar. Face à inércia das mentalidades é preciso dar o exemplo. Daì a importância da paridade.Sempre aliada à competência.Invocar aliàs o argumento da competência é anecdotico,até parece que é um critério que tem regido todas as escolhas de ministros das ja 3 decadas de governos democraticos.

O machismo e misoginia nao mudaram tanto como gostariamos (sim os nomes sao estes,nao ha outros) ,mas nòs mudamos. Quando indignadas reagimos.E agimos. Somos mais de 50% da populaçao e votamos.Com a cabeça e com muito boa memoria!