Deve andar por perto o congresso do PSD. As coisas chegaram a um ponto tal que, apenas três anos volvidos sobre o poder "absoluto" de Barroso, o Pombal - parece que é aí que tem lugar o conclave - recebe um ex-fulgurante Santana Lopes e duas figuras menores da nomenclatura partidária para disputar a liderança. Aquele que ainda há um ano era o partido do poder, chega ao Pombal envergonhado e reduzido praticamente a escombros às mãos de uma combinação entre dois "amigos de Peniche", Santana e Barroso. É difícil ter sido tudo tão mau em tão pouco tempo. Agora, na tentativa infantil de "dar uma volta a isto", os "intelectuais orgânicos" da direita querem "refundá-la". Já apareceu o inevitável mito Borges, acompanhado por uma rapaziada comprometida com todos os passados verosímeis e inverosímeis do PPD/PSD. Os "comentadores" tecnocratas e os tais intelectuais orgânicos conseguem ver em Borges o que ele manifestamente não tem: densidade política. E empurram o vazio que ele representa para a frente como se dali viesse, agora ou daqui a uns anitos, a salvação. O que se salva é que aparentemente Borges tem a noção daquilo que vale e deixa a coisa para "profissionais", leia-se Marques Mendes. Ele, modesto, limita-se a "marcar posição" com o seu pequeno rebanho de "zés-sempre-em-pé". No meio desta trapalhada "refundadora", os inimigos de estimação de Cavaco Silva - a tal "intelectualidade orgânica" - persistem em arrastá-lo para esta lama. Volta não volta, enchem a boca com o seu nome, ora na defesa hipócrita da sua candidatura presidencial, ora contra ela. Se alguém terá de se arrastar atrás da candidatura de Cavaco é esta indigência política e nunca o contrário. Cavaco já voa por cima desta miséria há muito tempo e jamais se comprometerá com ela. Não esperem de Cavaco qualquer gesto "federador" de desgraças alheias. Podem esperar sentados os que pensam que a risível "refundação" da direita virá do palácio de Belém. Cavaco terá legitimamente mais que fazer e suspeito que não lhe desagradará a parelha com Sócrates. Borges e tutti quanti podem continuar entretidos com os jogos florais que animarão o PPD/PSD nos próximos tempos. O PP nem sequer entra nesses jogos, desfeito no incómodo de partido unipessoal. Em suma, Sócrates, para nosso bem, pode governar em paz.
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