Se o Eduardo não leu o post anterior, parece que leu. De qualquer forma, é uma outra maneira de abordar o mesmo assunto, sensivelmente na mesma linha. Por isso e para que não se "perca" no turbilhão dos dias "presidenciais" que aí vêm, eu reproduzo, com vénia e amizade. Para mais tarde recordar...
E o Presidente?
Por Eduardo Prado Coelho
Alguns comentadores consideram que a vitória de Sócrates significaria uma vitória da esquerda, que, no seu conjunto, iria até aos 59 por cento. Não, não é possível considerar as coisas nesses termos, uma vez que o voto é cada vez mais flutuante (fenómeno que se verifica por esse mundo fora) e muitos dos que votaram agora a favor da esquerda votaram sobretudo contra Santana Lopes e a ideia de uma desenfreada loucura à frente dos destinos do país. Daqui se conclui também que não se pode concluir que um candidato da esquerda às eleições presidenciais tenha saído beneficiado. Podemos mesmo pensar o contrário. Com a tendência para criar balanceamentos (a famosa "teoria dos cestos"), esse candidato terá de combater a ideia de que é preciso moderar a maioria absoluta com um presidente de outra cor política. Os portugueses avaliarão a credibilidade que as pessoas merecem: se a oposição fosse entre Alberto João Jardim e António Guterres, Guterres tinha a vitória assegurada (o que é evidente para toda a gente, excepto para alguns que vivem na Madeira).Mas o grande problema para a esquerda é que o candidato da direita deverá ser muito provavelmente Cavaco Silva. Cavaco Silva disse há meses que muita coisa iria acontecer para que não fosse precipitado estar a tomar posições. Verificou-se que a intuição estava certíssima. A partir daí, Cavaco foi intervindo de um modo discreto, moderado na forma e violento no conteúdo, mas segundo uma linha estratégica claramente definida: foi ele que na realidade desencadeou a crise no PSD de Santana Lopes, denunciando a mediocridade daqueles que o rodeavam. Foi ele que manteve o silêncio quando seria tentador falar (apenas com o sintomático episódio da fotografia). É claro que não virá para tornar a vida fácil ao PS, mas tenderá sempre a pôr os interesses do Estado acima de posições partidárias.Quanto a Guterres, não é hoje o candidato da esquerda mais bem posicionado: é o único (sobretudo depois do desaparecimento de Sousa Franco). Mas esta campanha eleitoral veio mostrar que o seu nome não suscitava grande entusiasmo nem mesmo entre os apoiantes mais fiéis de Sócrates. Não houve tempo suficiente para que deixasse de "passar" mal.Isso tem a ver com o efeito-abandono. Poucas coisas são mais imperdoáveis do que abadonar o barco da governação. Fernando Gomes fez essa experiência em relação à Câmara do Porto, trocada por um lugar ministerial em Lisboa. Guterres traz ainda colada a palavra "pântano" - embora ele não tenha dito que estávamos no pântano, mas, sim, à beira do pântano. Durão Barroso vai pelo mesmo caminho. Sobretudo quando acumula com as suas culpas as de ter promovido Santana Lopes.E assim por diante. Ora Guterres poderá hesitar por três razões: sentir que não passou tempo suficiente para apagar os aspectos negativos da sua imagem; considerar que Cavaco Silva tem resultados esmagadores nas sondagens; a teoria dos cestos. E nesse caso o PS fica descalço. Não exageremos: em pantufas
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