23.12.09

EXISTIR SOZINHO OU A HIPOCRISIA DO "NATAL"


«Oa laços entre nós e outra pessoa existem apenas na nossa mente. A memória, à medida que se vai tornando mais ténue, solta-os e, não obstante a ilusão pela qual queremos ser ludibriados e com a qual, por amor, amizade, delicadeza, deferência e dever ludibriamos os outros, nós existimos sozinhos. O homem é a criatura que não consegue escapar de si própria, que conhece as outras pessoas apenas em si mesmo e que mente quando afirma o contrário.»


Marcel Proust

8 comentários:

vasco disse...

E de que nos serve saber isto? Isto é voltar ao princípio.

Manolo Heredia disse...

O Natal é uma festa pagã, recuperada pele Igreja Católica Romana, seis séculos depois da morte de Cristo. Tem a ver com a celebração do Inverno. Não tem nada a ver, portanto, com as relações afectivas entre pessoas tão bem definidas por Marcel Proust.

Anónimo disse...

Terminou há momentos a apresentação pelo Governo ao PR dos tradicionais votos de Bom Natal e Próspero Ano Novo.
Da parte de Socrates "cumprindo uma da melhores tradições o desejo de Boas Festas".
Da parte do PR "o desejo de Bom Natal e Próspero Ano Novo para os vossos pais, filhos, familiares amigos, com voto de tudo de melhor para o próxima ano, inclusivé porque não, aumento do património".
Delicioso.
A rever e a aguardar os próximos capitulos.
MR

joshua disse...

Porque é quase Natal, o que eu mais quero é que Marcel Proust se foda, Joãozinho.

MINA disse...

É evidente que existimos sozinhos e assim estaremos até o fim. Mas durante o percurso, e porque somos gregários, é-nos grata a convivência, sob pena de nos exilarmos dentro do próprio exílio que é a vida. Por isso, cultivemos o amor, a amizade e outras coisas, a que o próprio Proust não se furtava, bem pelo contrário. Na verdade Proust escrevia textos de grande lucidez, mas nem sempre harmonizava a sua vida com eles.

Quanto ao Natal é outra história. É sempre aquela "quadra" cuja aproximação eu receio, e que desejo de todo o coração se esfume o mais depressa possível. Já o tenho passado em países muçulmanos, mas agora até estes, pela globalização dos costumes e pela mercantilização da época, começaram a celebrá-lo.

Claro que nem todos pensam assim, mas isso depende das idiossincrasias de cada um.

Anónimo disse...

Barthes dizia que um dos prazeres de ler Proust consistia em relê-lo.
Estranho é que se tenha o gosto que eu tive em rever esta condenação - que é uma mera verificação.
P.S. Não esquecer que nessas outras pessoas se pode contar grande parte do que fomos sendo ao longo dos anos.

radical livre disse...

detesto espelhos
até para fazer a barba.
a barbicha democrática ajuda

Nicolina Cabrita disse...

A memória solta uns mas vai agarrando outros. A vida é perpétuo movimento.
Boas Festas, João.