«Oa laços entre nós e outra pessoa existem apenas na nossa mente. A memória, à medida que se vai tornando mais ténue, solta-os e, não obstante a ilusão pela qual queremos ser ludibriados e com a qual, por amor, amizade, delicadeza, deferência e dever ludibriamos os outros, nós existimos sozinhos. O homem é a criatura que não consegue escapar de si própria, que conhece as outras pessoas apenas em si mesmo e que mente quando afirma o contrário.»
Marcel Proust
8 comentários:
E de que nos serve saber isto? Isto é voltar ao princípio.
O Natal é uma festa pagã, recuperada pele Igreja Católica Romana, seis séculos depois da morte de Cristo. Tem a ver com a celebração do Inverno. Não tem nada a ver, portanto, com as relações afectivas entre pessoas tão bem definidas por Marcel Proust.
Terminou há momentos a apresentação pelo Governo ao PR dos tradicionais votos de Bom Natal e Próspero Ano Novo.
Da parte de Socrates "cumprindo uma da melhores tradições o desejo de Boas Festas".
Da parte do PR "o desejo de Bom Natal e Próspero Ano Novo para os vossos pais, filhos, familiares amigos, com voto de tudo de melhor para o próxima ano, inclusivé porque não, aumento do património".
Delicioso.
A rever e a aguardar os próximos capitulos.
MR
Porque é quase Natal, o que eu mais quero é que Marcel Proust se foda, Joãozinho.
É evidente que existimos sozinhos e assim estaremos até o fim. Mas durante o percurso, e porque somos gregários, é-nos grata a convivência, sob pena de nos exilarmos dentro do próprio exílio que é a vida. Por isso, cultivemos o amor, a amizade e outras coisas, a que o próprio Proust não se furtava, bem pelo contrário. Na verdade Proust escrevia textos de grande lucidez, mas nem sempre harmonizava a sua vida com eles.
Quanto ao Natal é outra história. É sempre aquela "quadra" cuja aproximação eu receio, e que desejo de todo o coração se esfume o mais depressa possível. Já o tenho passado em países muçulmanos, mas agora até estes, pela globalização dos costumes e pela mercantilização da época, começaram a celebrá-lo.
Claro que nem todos pensam assim, mas isso depende das idiossincrasias de cada um.
Barthes dizia que um dos prazeres de ler Proust consistia em relê-lo.
Estranho é que se tenha o gosto que eu tive em rever esta condenação - que é uma mera verificação.
P.S. Não esquecer que nessas outras pessoas se pode contar grande parte do que fomos sendo ao longo dos anos.
detesto espelhos
até para fazer a barba.
a barbicha democrática ajuda
A memória solta uns mas vai agarrando outros. A vida é perpétuo movimento.
Boas Festas, João.
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