Ao disparate do "Plano Nacional de Leitura" que, até agora, não passou de retórica vazia, sucede-se uma extravagância chamada "terminologia linguística para os ensinos básico e secundário (TLEBS)", dissecada neste artigo de Vasco Graça Moura. Ainda ontem um bando de "alunos" do Algarve manifestava-se à porta de um liceu "contra" as aulas de substituição, fechando-o a cadeado e balançando-se alarvemente em cima dos muros da escola. Os que falaram às televisões eram contra tudo, pais incluídos. Nem sequer sabiam bem do que é que estavam a falar. No meio deste deserto, o ministério da Educação dá o imprimatur a coisas como a "TLEBS" que, a ser levada a sério, só serviria para enterrar ainda mais os paupérrimos níveis de literacia escolar básica e secundária que, depois, vão desembocar nessa chaga nacional que é a universidade. Ao contrário do que o governo insinua, não se está a "preparar" nenhum "futuro". Por este andar, só sobrarão monstros, os novos monstros.
6 comentários:
Ia eu escrever que a Clara está mal informada, que o actual Ministério da (des)Educação fervilha de párias do "eduquês" e contamina o que ainda de bom resta no nosso ensino. E ia acrescentar muito mais.
Mas antes tive o bom senso de espreitar o blog da Clara. E eis que tudo se tornou claro: acabara de entrar num lugar de reverência ao Grande Líder, Camarada Kim... perdão, José Sócrates. Explicado estava o inenarrável comentário.
Por comentar fica a notícia saída no Público de 1 de Novembro de 2006, segundo a qual existe uma proposta do Ministério da Educação que, a ser aplicada, será o decreto de morte ao ensino da História em Portugal. As doutas criaturas lá terão as suas razões para quererem formar gerações despojadas de qualquer referência histórica. Para quê aprender História, se a última votação para "o melhor português de sempre", ou para "o pior português de sempre", mantiver a criançada entretida enquanto aguarda mais um combate de wrestling ou uma morangada?
A monstruosidade da TLEBS só pode gerar, de facto, monstros. Aprenderão termos monstruosos, cujos conceitos não atingirão na maior parte dos casos. Ficar-se-ão pela morfologia e, quando muito, pela sintaxe, mas a semântica não fará parte das suas vidas. Ora é a semântica que pinta a árvore de verde e lhe adoça o fruto.
Não aprecio o VGM político, mas sempre admirei o VGM autor e partilho tudo o que tem escrito sobre a TLEBS, apoie-se ou não noutras individualidades.
A TLEBS não tem a ver com "reacção à mudança", nem com os "professores mais antigos", como advogam os seus autores-defensores. A TLEBS é pura e simplesmente aberrante, quando considerada para crianças e jovens não universitários.
ff, sabe que a semântica que pinta não sei o quê não sei de que cor não existia na nomenclatura gramatical anterior à tlebs? ah... pois era... então, não é reacção à mudança? é o quê?
Nãos sei se a tempo, mas creio que, se se puder ainda exterminá-los, é agora...
Sobre a TBLS:
quando a nossa filha de 10 anos, aluna do 5º ano, chega a casa e nos diz que aprendeu na disciplina de Português que uma tília é um "nome comum, não animado" nós respondemos o quê? "Filha, ouviste mal, um ser animado é um ser que tem vida. Uma árvore, como qualquer planta é um ser vivo, logo não pode ser não animado". Pois, mas segundo estas luminárias, não é! Bolas para isto!
Quando os alunos de português são obrigados a negar a própria etimologia das palavras, estamos perdidos. Para além de ser um contra-senso científico, em si. Quem deu autorização a estes senhores e senhoras para fazerem das nossas crianças campo de experiências pseudo-linguísticas? E depois? Quem vai ensinar a estes meninos e meninas a gramática que deviam ter aprendido e não aprenderam? E o tempo, as horas de estudo e o esforço dispendido? Um ano inteiro, para nada? Ora badamerda!
Eu digo: NÃO À TLEBS! Basta de enormidades!
p.s.: sim, a clara tem razão. Esta TLEBS teve origem numa portaria do governo de Santana Lopes - Portaria n.º 1488/2004 http://www.spzn.pt/index.php?op=generico&id_sel=982 -
O problema está em que este Governo resolveu por bem aplicá-la.
Não é uma questão de esquerda ou direita, é uma questão nacional. O português é língua que todos falamos.
os alunos não sabem distinguir um nome de uma preposição e vão compreender esta aberração!?
No k me diz respeito, confesso k sei k não sei ensinar esta área com correcção pedagógica. ora isto incomoda-me.
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