3.4.06

TENTATIVA DE RESUMO


(Mais uma vez, agarrado ao poder pós-same age próximo, vou dizer, convicto, meia dúzia de blasfémias acerca de uns e de outros.)

Da mediocridade Pública do diário existem excedentes podres e miseráveis, fruto da estabilidade medianamente agradável que um ano e meio sem pousio permite. Ali, no café bairrista de Benfica, onde passam intelectuais américo-latinos vindos do Uruguai, ex-fortunas industrialmente nortenhas, trabalhadeiras a cheirar a lixívia que esperam pelo autocarro para ir para a Brandoa e jovenzinhos fumadores - uns alegres e coloridos, outros de preto e com mitenes com bicos prateados e psicadélicos – que não cheiram a esforço, observa-se a leveza agradável da enconsta.
De um café maior, costuma sair-se para, romanticamente, naufragar na caça ao amor e segurança. Ou então, quando o ópio da tolerância deixa de ser obrigatório, caminha-se, de norte para sul, na aproximação física e metafísica do sol e suas maravilhas. Mas o ópio tem que se lhe diga. Por comparação, como diria a camaradagem de tempos revolucionários franceses a propósito só da religião, entra na adolescência como o Mistério no movimento religioso. (Singularmente, a religião serve para o que o ópio não serve e, nesse sentido, fechem-se as comparações).
O ópio, contudo, teve tempos mais áureos sendo, hoje, vigiado. Mal, ainda assim. No café bairrista, tornam-se, por incompetência, inúteis as utilidades das boas ideias do sr. José. O sr. José que, pelas honras que adquiriu, não quer ter um carro ou casa tão provincianos como ele próprio. Mas não acontece mais nada, só interrupções deprimidas. Da metrópole do mundo ouvem-se gritos da simbologia cândida pedindo, onde é difícil, governos unificadores e sugerindo rapidez pré-crepúsculo.

2 comentários:

Anónimo disse...

A densidade dum par de ténis Nike!Paraben(os).

Anónimo disse...

Admiradora 1ª dos artigos do JG e, como mais leitora do que interveniente peço pois que continue, com as suas “blasfémias acerca de uns e de outros”
É mais um “excelente artigo” deste BLOG, onde o “pormenor” é “magificamente” não só observado como transcrito
Obrigada