O Público traz um estudo da Universidade Católica (Pedro Magalhães) sobre o comportamemto do eleitorado nas últimas eleições presidenciais e sobre as expectativas dos pares em relação ao desempenho do PR. Quanto à primeira questão, confirmam-se duas coisas que já se sabiam. Cavaco Silva "atravessou" todos os eleitorados partidários - BE incluído - e, sobretudo, "furtou" ao PS votos que lhe tinham sido outorgados - a Sócrates, obviamente - em Fevereiro de 2005. Depois, as presidenciais e os candidatos mais votados mobilizaram o chamado eleitorado "independente" e que não simpatiza especialmente com o regime, leia-se, com os partidos do establishment (são todos). As campanhas partidariamente "brancas", como as de Cavaco e de Alegre, foram as que mais beneficiaram com este incómodo político-cultural do eleitorado. Daqui partimos para a segunda questão abordada no estudo da Católica. Decididamente os portugueses não querem uma banana no lugar do presidente. É clara a vantagem dos que esperam de Cavaco Silva uma presidência protagonista. É natural e era expectável. O regime, na sua demência narcísica, afundou-se de tal maneira na sua falta de credibilidade que as pessoas se viraram, com poucos meses de diferença, para duas personagens simetricamente austeras, Sócrates e Cavaco. Acontece que Sócrates, quando troca essa imagem pela da propaganda fácil, tende a deixar para um Cavaco solitário - o da "nova fase" da sua presidência - o papel da liderança político-institucional que, afinal, se espera do Chefe do Estado neste transe difícl por que passamos. As eleições presidenciais foram uma "lição" para os partidos, para todos sem excepção. Eu não alimento sentimentos anti-partidos, muito menos desejo partidos novos que normalmente já nascem envelhecidos. Todavia compreendo o cansaço que os cidadãos manifestam face ao regime e face aos "aparelhos" partidários, muito mais do que em relação aos partidos enquanto formulações indispensáveis em democracia. Daí o sentido do voto de Janeiro último. Um sinal de que o presidente não pode estar demasiado tempo sentado no famoso cadeirão.
1 comentário:
E esteve já muito tempo ausente, tendo visitado agora o Hospital de D. Estefânia. Entretanto o ex-Presidente, um incontinente verbal, tarda em perder a embalagem e continua a perorar por aí a despropósito.
Cavaco Silva terá que intervir: o desemprego e a extrema pobreza de muitos portugueses têm que encontrar um aliado no Presidente da República. O aumento das taxas moderadoras constituíu um insulto a essas pessoas, atingindo-as num dos seus pontos mais fracos: o acesso à saúde. O demorado tempo de recuperação da nossa crise económica tem que ser acompanhado de medidas sociais. O PR não se pode alhear disso.
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