Falou-se aqui do S. Carlos, a propósito de custos que o pobre contribuinte deste jardim de Klingsor tem de suportar, os tais custos, sempre tão pouco falados, que o Estado lhe impõe para pagar o divertimento de um punhado de nefelibatas, mais ou menos beócios, em busca da tão necessária promoção social a que o seu status de neo-ricos obriga.
Esse velho problema «de espremer o ubre da vaca faminta», que Camilo e Eça abordaram com tanta actualidade, parece continuar a não ter solução à vista, pelo menos enquanto não for definido um papel sério a desempenhar por aquele Teatro no âmbito de uma política orçamental efectivamente de rigor, política essa que já não seria de desprezar se o Ministério das Finanças obrigasse quem o «dirige» a não viver acima das suas posses, pondo termo de vez ao pressuposto de «quando acabar o dinheiro, vamos ao Terreiro do Paço buscar mais, que eles dão!»
Já não falo de uma dinâmica e verdadeira política cultural, logo não situacionista, que devia decidir sem ambiguidades se quer que o seu tutelado seja ou não um Teatro de repertório ou de star system, este último modelo tão imprudentemente adoptado desde finais de Oitenta, com as tristes consequências que se conhecem: extinções para cá, perseguições e despedimentos para lá, leis orgânicas por medida para diante, amuos e navalhadas para (e por) trás, enfim, toda uma balbúrdia que só tem aproveitado aos que se sabem mexer bem nas águas estagnadas da incompetência, do compadrio e do vício.
Dito isto, parece pois não escandalizar que em 1994 o custo médio real de um bilhete no S. Carlos se cifrasse em 31. 740$00 (Maria Filomena Mónica, «O Estado e a Cultura» in Europa e Cultura: Seminário Internacional, FCG, 1998) e, em 1997, tivesse ascendido à bela quantia de 95. 000$00. Hoje, volvida uma escassa dezena de anos, adivinhe-se quanto estamos a pagar, todos nós, por um Teatro de cerca de mil lugares, com um cartaz de meia dúzia de óperas, e onde só compra bilhete quem não é da política, quem não vai aos «sítios» certos e quem não tem (ou não quer ter) uma agenda povoada de bonnes adresses.
Esse velho problema «de espremer o ubre da vaca faminta», que Camilo e Eça abordaram com tanta actualidade, parece continuar a não ter solução à vista, pelo menos enquanto não for definido um papel sério a desempenhar por aquele Teatro no âmbito de uma política orçamental efectivamente de rigor, política essa que já não seria de desprezar se o Ministério das Finanças obrigasse quem o «dirige» a não viver acima das suas posses, pondo termo de vez ao pressuposto de «quando acabar o dinheiro, vamos ao Terreiro do Paço buscar mais, que eles dão!»
Já não falo de uma dinâmica e verdadeira política cultural, logo não situacionista, que devia decidir sem ambiguidades se quer que o seu tutelado seja ou não um Teatro de repertório ou de star system, este último modelo tão imprudentemente adoptado desde finais de Oitenta, com as tristes consequências que se conhecem: extinções para cá, perseguições e despedimentos para lá, leis orgânicas por medida para diante, amuos e navalhadas para (e por) trás, enfim, toda uma balbúrdia que só tem aproveitado aos que se sabem mexer bem nas águas estagnadas da incompetência, do compadrio e do vício.
Dito isto, parece pois não escandalizar que em 1994 o custo médio real de um bilhete no S. Carlos se cifrasse em 31. 740$00 (Maria Filomena Mónica, «O Estado e a Cultura» in Europa e Cultura: Seminário Internacional, FCG, 1998) e, em 1997, tivesse ascendido à bela quantia de 95. 000$00. Hoje, volvida uma escassa dezena de anos, adivinhe-se quanto estamos a pagar, todos nós, por um Teatro de cerca de mil lugares, com um cartaz de meia dúzia de óperas, e onde só compra bilhete quem não é da política, quem não vai aos «sítios» certos e quem não tem (ou não quer ter) uma agenda povoada de bonnes adresses.
1 comentário:
O S.Carlos cheira a mofo...e o post a esturro.
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