19.3.06

TODOS OS DIAS

O comércio decretou que hoje era o "dia do pai". As famílias, sempre obdientes ao credo das montras, arrantam-se para as lojas e para os restaurantes. Os mais velhinhos, remetidos oportunamente para lares sombrios, têm o seu pequeno momento de glória durante umas horas. Vão ser passeados e alimentados de forma diferente, pelo menos ao almoço. Ao final do dia regressam e ficam de novo entregues à sua solidão e à memória, para aqueles que ainda a possuem. A fraternidade merceeira nunca me atraiu. Esta coisa dos "dias" deste ou daquele é uma frivolidade aceite pela pequena burguesia de espírito para poder dormir descansada e para as criancinhas se entreterem. O sentimento não se paga com relógios, gravatas, perfumes ou flores. Está lá ou nunca esteve. Todos os dias.

3 comentários:

Anónimo disse...

Pai Nosso Que Estais No Céu...

Anónimo disse...

... realmente
... nem sei como dizer
... mas, mais uma vez estou “totalmente” de acordo com o que escreve
... com o “ conteúdo da missiva”
... e, termina “O sentimento está lá ou nunca esteve. Todos os dias.”
... é mais um “magnífico texto”
... obrigada

Unknown disse...

Para quem nunca recebeu um daqueles cinzeiros feitos em barro com molde na mão do petiz não está mal...