Jorge Sampaio concedeu uma derradeira entrevista ao Diário de Notícias. Vale sobretudo pela "explicação" acerca das dissoluções, qualquer coisa que nitidamente o perturbou. E também vale pela melhor frase política lá produzida e que prova que Sampaio, quando quer, também sabe ser "político". "Foi um tempo de mudanças: os pais da pátria terminaram", diz Sampaio dos seus dez anos em Belém. Tem razão. Essencialmente por dois motivos. Por um lado, com a posse de Cavaco Silva inicia-se um ciclo presidencial diferente dos últimos trinta anos e do qual, pela primeira vez, o PS está ausente. Depois, porque a chegada a este ciclo correspondeu ao fim da mitologia "soarista" - pai, filho e adjacências - tal como a conhecíamos, obrigando o patriarca a redefinir a forma como daqui em diante se deverá dirigir ao país quando desejar intervir (e eu espero que o volte a fazer). Sampaio, se outros méritos não teve, tem pelo menos o da "dessacralização" dessa ideia anti-republicana do "pai da pátria". Amanhã é um outro dia.
Sem comentários:
Enviar um comentário