O Paulo Gorjão decidiu comentar "As escolhas de Cavaco", referindo-se quer ao Conselho de Estado, quer à Casa Civil. Que eu me lembre, nunca uma Casa Civil presidencial foi tão badalada como esta. Eanes, Soares e Sampaio tiveram "casas civis" e conselheiros intermitentes, como lhes competia, porém não recordo - à excepção de Eanes, por causa dos célebres discursos "tomba-governos" do 25 de Abril - tanta agitação por causa de meia dúzia de pessoas absolutamente previsíveis. Aqui está-se bem à vontade para falar do assunto, uma vez que este blogue foi empenhadamente "cavaquista" durante a campanha presidencial. Cavaco foi o meu candidato e é o meu presidente. Dito isto, reconheço que o "perfil" da generalidade dos assessores - uma vez que a comunicação social fez e faz o favor de nos explicar continuamente quem são - não faz jus ao propósito abrangente da candidatura. A maior parte foi requisitada ao PSD e ao governo de Durão Barroso, como se Cavaco não conhecesse mais ninguém. Por outro lado, não existe, pelo menos por enquanto, uma assessoria para a cultura e religião, por exemplo. Sei que esta afirmação poderá provocar comentários jocosos. De facto, seria hipócrita se dissesse que é matéria que não me interessa. Interessa. Todavia, como me ensinou Medeiros Ferreira há uns largos anos, há cargos que não se pedem mas que também não se recusam. Mais importante do que isso é reconhecer um património, nesse sector, que foi "herdado" de Soares e de Sampaio e que não conviria alienar da parte do Palácio de Belém. Quanto ao Conselho de Estado, concordo com o Paulo quando aponta o reducionismo da escolha. Não haverá mais mundo para além de Manuela Ferreira Leite ou de Dias Loureiro que actualmente é mais empresário do que político? Em suma, parece-me que Cavaco preferiu a segurança dos seus mais próximos a um desígnio mais arriscado de inovação. É a vida.
9 comentários:
... só é pena o Palácio ser "ROSA"
cavaco não foi o meu candidato e nem será o meu presidente.
esta atitude do homem só dá razão a quem o atacava. afinal, ele é mesmo do psd e não independente...
'No problem'
O PR, ao nomear fundamentalmente 'conservadores', fará por representar, ele próprio, a margem esquerda do país. Com o seu coração de social democrata.
Quanto à direita, está assegurada a colaboração. E o silêncio.
A exemplo de Soares, com um conservador e monárquico e irrascivel general na sua casa militar.
... e, porque não?
... sería um "excelente" assessor
para a cultura
Boa noite, leio o que escreve neste post com interesse e vejo que se preocupa - e bem - com a folga deixada em aberto pelo PR em matéria de religião, por isso, e não obstante sempre que o leio dizer que aprende sempre muito com Medeiros Ferreira - que deveria ser menos vaidoso e pretensioso nas posições que toma, ié, pavão, sugeria o nome de um dominicano/Domingues ou então o pre. V. Melícias - com a vantagem de levar para Belém a experiência acumulada com Guterres. Até pq este século será religioso, quero dizer, fanático. E já tivémos, infelizmente, inúmeras expressões desse fundamentalismo.
Desculpe-me aquele observação sobre o MF, mas é que sp que venho ao seu blog refere-se-lhe sp.Mas n leve a mal, insisto...Até pq nada tenho contra o home, senão achá-lo um pavão e um convencido que só não se gaba mais qdo fala em público pq lhe cortam o tempo de antena. Neste caso até o narcisimo tem limites, se calhar é uma outra forma de fundamentalismo.
Eu tb votei Cavaco, o mal menor nesta conjuntura.
Boa noite,
Se calhar, caro João Gonçalves, acertou ao dizer ( ou perguntar ? ):
"..., como se Cavaco não conhecesse mais ninguém."
Então não esteve Cavaco , nos últimos dez anos, a leccionar ? Nesse período em que diz ter abandonado ( ??!!) a política possivelmente deu-se conta ao regressar quesó conhecia os de há dez anos !
Cumprimentos,
António P.
A escolhas são fracas, com excepção da de Lobo Antunes. A de MRS é surpreendente, depois do que este disse dele, da oposição que lhe fez, dentro e fora do Partido, nos jornais, na TV e na TSF.
De resto, MRS é hoje um comentador político consumado, muito mediático, com estatuto desajustado para a função que irá desempenhar.
Parece, além disso, ser demasiado irrequieto, carecido de constãncia de ânimo, de carácter e de humor, ou seja, com perfil inadequado para a credibilidade que deve granjear do vasto público um Conselheiro de Estado.
Quanto a Manuela Ferreira Leite, a sua falta de vocação política é mais do que evidente, pelo que fez e permitiu fazer no Partido e pela sua prestação nos Governos em que entrou.
Não obstante, como técnica, na área financeira, goza de boa reputação, geralmente comprovada. Mas não confundamos os planos.
Cavaco Silva não começa bem. Veremos se persiste no desacerto.
Convém não esquecer que terá de ser reeleito, daqui a cinco anos.
Seria anómalo, se fracassasse nesse mesmo objectivo onde os seus três antecessores lograram êxito.
De si próprio depende, já que não se vislumbram, a esta distãncia, adversários temíveis.
Talvez só Freitas do Amaral, nesta qualidade, se pudesse perfilar, se não andasse tão compreensivo com os desmandos dos fundamentalistas islãmicos.
tantas criticas por causa de um orgão que se reune 3/4 vezes por ano...se tanto..se tanto..parece que este é o pronuncio de muitos ataques a cavaco ao longo deste mandato.e o ps ainda quer ver se cavaco vai ser o primeiro presidente a não ser reeleito..
E por que não? Será talvez o único feito realmente memorável da sua quinquenal presidência...
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