22.11.04

O CRAVO E A FERRADURA

Há motivos de particular satisfação pelo veto do dr. Sampaio à "central" do dr. Sarmento? Salvo o devido respeito, não há. Vejamos a coisa por partes. Num governo que vive exclusivamente para a "imagem" e para o "controlo" da "mensagem", não é a ausência de uma "central de comunicação" que o vai impedir de continuar o "assalto" aos "mensageiros" e a difundir o que lhe interessa. Há muitas e bem mais sofisticadas maneiras de o fazer, sem ser preciso institucionalizar o exercício. A branda reacção de Sarmento e de Santana são esclarecedoras. Depois vem a candura de alguns. Ricardo Costa da SIC, por exemplo, acha que esta coisa da "central" não tem importância nenhuma e que não há governo que se preze que não disponha de uma. Para acalmar, dá-se imediatamente o exemplo do governo regional dos Açores. Para validar este raciocínio, era necessário partir do pressuposto que Costa estava a considerar "um" governo o que, vindo de um comentador experimentado como ele e que diz conhecer Lopes, seria grave. Ora com o "quinteto" de que falei ontem, todo o cuidado é pouco quando se trata de dar um nome à coisa. Finalmente vejam-se as razões do dr. Sampaio. Sumariamente ele acha que o Estado, leia-se, o governo, já "comunica" demais. Sampaio desconfia da "pedagogia" anunciada, ou seja, não acredita nem na bondade do "mensageiro" nem na credibilidade da "mensagem". Fica registado. Desiludam-se, no entanto, os que pensam que Sampaio vai "reagir" ao ensimesmamento de Santana Lopes. É apenas mais e menos disto que se deve exclusivamente esperar dele: hoje uma no cravo, amanhã outra na ferradura.

Sem comentários: