Levei dois cd's de Amália Rodrigues para o carro. Não a ouvia há muito tempo. Num deles, ao vivo em diferentes locais, do Café Luso ao Japão, Roma ou Paris, percebe-se perfeitamente por que é que Amália tinha génio. Andam por aí uns betinhos e umas betinhas que passam por fadistas e que se reclamam da herança da fadista. Eu, que acho que não sou surdo, não vejo possibilidade de comparação. Amália nunca foi uma mulher frágil como estes novos "sensíveis" querem parecer que são. Vinda do "povo", tinha os pés bem assentes na terra, sabia muito bem o que queria e era uma mulher muito inteligente. Teve dois regimes e diversos papalvos a seus pés. Tirando o folclore ou o repertório internacional, nenhuma letra cantada por si o foi ao acaso. Entrevistei-a, em 1985, na sua casa da Rua de S. Bento. Explicou-me por que é que o fado se cantava de preto, por que é que gostava de apanhar flores, que cantaria até que houvesse aplausos, etc. Escolhi para título da entrevista esta frase dita por ela: "gostava de ficar no coração das pessoas". É dos poucos portugueses que fica.
5 comentários:
Fica sim no coração.
E muito.
Não só dos portugueses. Numa conferência internacional, um conferencista francês, quando soube da minha nacionalidade, fez questão em me dizer que quando viu a Amália num espectáculo em França apaixonou-se pela sua voz e presença e até hoje houve os fados cantados por Amália com a mesma paixão apesar de não perceber muito bem o português.
Para sempre nos nossos corações e o testemunho de Obrigado por tudo o que fez pelo nosso Portugal.
SwÁsthya
Belo texto, simples (como Amália era), diz tudo.
Amália está sempre connosco, é única, insubstituível. Nem Mariza.
Belíssimo texto! :D
O cd que fala no seu post é o "Ao Vivo" da box de 8.
Tenho o album ao vivo no Japão completo e que publicarei em Julho para coincidir com o aniversário de Amália.
Passe pelo meu blog,
http://www.amaliaporamor.blogspot.com
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