O José Medeiros Ferreira - alguém de quem gosto muito e com quem não falo tantas vezes quantas as que apreciaria - é um homem de geração. A sua foi porventura a última antes da fase plasticina em vigor e, à esquerda e à direita, isso está a pagar-se. Na cultura, acontece sensivelmente o mesmo. Por causa da geração, JMF foi ao lançamento das "memórias" de Jorge Silva Melo, uma espécie preguiçosa do "meu século" de Günter Grass. Melo nunca me impressionou excessivamente e muito menos me impressiona o seu antigo e persistente namorado, o Amélia Rey Colaço do teatro nacional "de Abril", Luís Miguel Cintra. Esta dupla ferveu em chantagem permanente sobre os dinheiros públicos, ora berrando, ora declamando, ora escrevendo "petições " e "manifestos", sem nunca ter tido a coragem de se dedicar à política pura e dura, indo a escrutínio. É talentosa? É. O país "progrediu" intelectualmente com ela? Tenho dúvidas. O inner circle progride sempre, tal como a habitual meia dúzia de deslumbrados analfabetos que constitui a sua corte. É gente permanentemente enjoada com o que lhes dão e não dão, mas resistiram sempre a abandonar o "sistema" que os mantém. As "memórias" de Melo teriam graça se ele contasse evidentemente tudo como lá fora. Também na "cultura", deparei-me com uma página de publicidade do BCP na qual o novo "director artístico" do São Carlos, o sr. eng. Vargas, disserta sobre Rossini como se se sentisse já um Zeffirelli português e o BCP fosse uma empresa de produções artísticas. A nossa "malaise" cultural é mesmo esta. Demasiados Pierre Bergé's de algibeira, sem um pingo de classe ou de génio, para nenhum Yves Saint-Laurent. Não é fácil dizer bem.
4 comentários:
João Gonçalves, tenho uma fina impressão que se um dia destes a República regressar ao tempo das barricadas, eu e você estaremos em lados opostos e eu tenho uma mira afinada. Cuide-se!! Mas, tal como você, eu também estou tão cansado desta gente que, se calhar, por causa destes pândegos, ainda um dia haveremos de trocar impressões sobe a importância do vento no momento do disparo a mais de 200 metros.
O engº.vargas não passa de um oportunista presunçoso...
Excessivamente grrave. Quer-se dos oportunistas que sejam modestos. O Zeffirelli português??? Amélia Rey Colaço do 25 de Abril??? Ó Gonçalves, isto anda um bocado azedo, não acha que isso vai um bocado contra o seu fervor Ratzingeriano? Ou talvez não. Quem é, quem é, o Ratzinger Português do 25 de Abril?
“É talentosa? É. O país "progrediu" intelectualmente com ela? Tenho dúvidas. O inner circle progride sempre, tal como a habitual meia dúzia de deslumbrados analfabetos que constitui a sua corte.”
Eu, não fazendo parte do inner circle, e não tendo mais hipótees de escolha, deslumbrada analfabeta me confesso...
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