21.4.07

NÃO É FÁCIL DIZER BEM - 15


Gosto, palavra de honra que gosto do Miguel Sousa Tavares. Tem aquele ar concupiscente que provoca honestos frémitos até no heterossexual mais certinho. Sei de homens e de mulheres que dariam uma manga da camisa Dior por uma bebida tomada com o nosso homem ou a partilha de um pôr-do-sol na Lapa a ver passar os comboios. Li de um fôlego o seu Equador e, apesar do excesso de "linguados" e de mamas, apreciei. Miguel, ao contrário de outros "escritores" portugueses, contava-me finalmente uma história com algum propósito. Também apreciei outro livrinho com um nome ligeiramente pretencioso, "não te deixarei morrer David Crockett", as crónicas do guterrismo, "os anos perdidos", e um livro de viagens. Sousa Tavares é um marialva democrático, uma coisa totalmente infabricável. Vive de ser livre à conta dos legítimos direitos autorais que cobra por esse mundo fora. Adora viagens, desertos, gajas, caça, cigarros, enfim, tudo o que o homenzinho cego que me vende os jornais gostava de ter e de ver e que apenas contém na sua prodigiosa imaginação. Até agora, só uma pequena mancha perturbou a minha colorida ideia de Miguel Sousa Tavares. Foi em Outubro de 2004, quando Marcelo mandou pastar o dr. Paes do Amaral e o Miguel permaneceu hirsuto nos seus comentários das terças-feiras na TVI. Estou para ver o que é que ele vai dizer, daqui em diante, quando Pina Moura e José Lemos - os dois altos comissários do PS destacados para aquele canal - lhe passarem a emitir o cheque. Por falar em cheque, o Expresso acolhe agora as prosas revoltadas do Miguel que quase sempre leio com interesse. Na desta semana, começa por chamar-me ignorante. E parte para os seus indiscutíveis gostos pessoais de que o "sistema" e o regime alegadamente o privam, tais como estacionar em cima dos passeios, atirar aos pássaros e às lebres, praticar caça submarina e, naturalmente, fumar. Por detrás desta perfídia encontra-se obviamente o fantasma de Santa Comba Dão, o homem que, entre outras coisas e como se sabe, fundou a EMEL. Eu gosto que Miguel Sousa Tavares aprecie o seu vasto mundo que oscila entre Lagos e os desertos africanos da Baronesa Blixen (como ela devia ter gostado de o conhecer), passando por Queluz, pela Lapa e pelo sr. Pinto da Costa. E aprecio que ele possa continuar livremente, de cigarro na boca ou de caçadeira em punho, a escrever e a ajudar-me a "viajar" de outra maneira. Acredite, Miguel, não me sinto nada ignorante por gostar de o ler.

4 comentários:

Anónimo disse...

Caros amigos,

"José Afonso", figura ímpar da cultura portuguesa, que trilhou, desde sempre, um percurso de coerência na recusa permanente do caminho mais fácil, da acomodação, no combate ao fascismo salazarista e pela liberdade e democracia, é tema de um selo que está em 5º lugar. Precisamos do voto de todos para que se faça um selo em sua memória e em memória da Liberdade.
Num período de exaltação de valores salazaristas, devemos contrapor com os nossos defensores de Abril!

“Venham mais cinco!!
Traz um amigo também!”


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Abril, SEMPRE!!

Davide da Costa

Anónimo disse...

Para quem conhece S Tomé, e já estive umas 50 vezes (+/-)o livro Equador é um insulto

Anónimo disse...

importa se de explicar?
nunca fui a S Tome e nao li o livro (ops!)
tem a ver com a visao do colonialismo nas duas vertentes?
agradecia um pouco mais...e ja' agoa assine, e' com dar sangue:nao custa nada, nao doi, e fica bem (nao leve a mal a ironia, estou mesmo interessado em ouvir a sua opiniao!)

Joao Pedro

Anónimo disse...

Li o livro e gostei muito!´Mas nunca fui a S.Tomé! Não gosto nem deixo de gostar de Miguel S.Tavares...mas ele também é da escumalha??!! coitada da Mães!!!