(...) Na primeira página do livro, ficamos a saber que Santana já tinha, aos 25 anos, uma certa importância política. Páginas adiante, mostra-se a si próprio e a Barroso, muito jovens e sonhadores, a partilharem antecipadamente entre os dois as regedorias do regime. Ungidos por uma aproximação precoce ao poder, propiciada pela revolução de 1974, pertencem a um pequeno grupo desde sempre convencido de que o poder em Portugal seria distribuído em função das relações de força entre eles. Tornaram-se exímios na criação de "percepções" e "factos políticos". Tornaram-se também um pouco paranóicos (por exemplo, Barroso e Santana evitavam falar de política ao telefone). Quanto ao povo, esperaram que, à porta do palácio, lhes fosse admirando a esperteza e a sorte, enquanto roía os sobejos do Estado social. Eis os políticos que temos. Não formam, de facto, uma classe política democrática, mas uma "camarilha" digna de qualquer corte absolutista do século XVIII. Têm muitos sonhos. Mas nós - os eleitores - não fazemos parte desses sonhos."
Rui Ramos, in Público, "Os sonhos deles"
1 comentário:
Tive a oportunidade de ler hoje o Rui Ramos.
Belo retrato, pena que horrivel.
Como pode um País, decente, estar entregue a este tipo de «camarilhas»?
Uma mistura de Ali Babá e Al Capone.
Z
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