"Os cravos foram, em última análise, uma oferta do SNI aos golpistas. Destinavam-se as ditas flores a assinalar uma efeméride relacionada com o turismo e, como tal, a serem oferecidos aos turistas que deambulassem nesse dia 25 de Abril em Lisboa. Quanto à loura criancinha do cartaz pode o senhor Presidente da República tranquilizar-se: nasceu em família de cineastas e burguesíssimos. Se a sua vida correu mal não foi por ser pobre. O que é bizarro é que 32 anos depois do 25 de Abril continuamos a ter uma noção poster da democracia e transformámos a botânica num item da política."
Helena Matos, in Blasfémias
3 comentários:
Parva, e com laivos de intimismo, à boa maneira dos morangos com açúcar.
Pois, a Helena Matos parece ser a Rosa Lobato-Faria, mas da política.
Extraído de O Jumento:
"Naqueles tempos sucedia com as flores o mesmo que com a fruta, consumia-se a da época e inevitavelmente os cravos estavam à venda, inevitavelmente vermelhos porque nas cores, como em quase tudo, a fartura não era muita. Aliás, tal como sucedia com o Benfica, os cravos eram encarnados, o vermelho, era nesse tempo de idiotas, uma cor maldita.
Nessa manhã alguém se lembrou de oferecer um cravo a alguém, outros acharam graças e fizeram o mesmo, o cravo tornou-se um símbolo colectivo. Era barato, bonito e fácil de colocar na lapela, certamente mais fácil do que um girassol ou um crisântemo.
É curioso como o cravo se transformou num símbolo para a direita, que aproveita a flor para dizer que esse 25 de Abril não é o dela, ao ponto de Telmo Correia lhe ter dado dignidade no discurso da AR, um dos discursos mais putrefactos que por ali se ouviu. Confirmado que Cavaco não trazia a madita flor, depois de uma semana de inquietação durante a qual se qustionou se o último cantor da Grândola Vila Morena traria lapela florida, Telmo não se conteve e teve que distinguir os presentes entre os que usam ou não usam cravo.
Enfim, para esta direita o cravo é algo de muito importante, e se assim é aqui fica o meu".
Posted at 11:35
by Jerico
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