26.4.06

INDECISÕES

Depois das comemorações trágicas do 25/04, a cada esquina mais esquizofrénica, brotam, em constante contagem crescente, simpatizantes activos de movimentos ditos de extrema-direita. Curiosamente, os sítios de recruta são os honoríficos estádios de futebol. Se, por um lado, é inevitável assistir-se à “tarde descontraída para conhecer os jardins e a residência oficial do Primeiro Ministro” que os portugueses possidónios não quiseram perder, é simultaneamente desastroso assistir a estas demonstrações obsoletas da ignorância. “Decididos até onde ir, não devemos ir mais além” é uma boa lição de Salazar que, quem gostar de o seguir, podia aproveitar convenientemente. Portugal mantém-se inanimadamente às apalpadelas e sem grandes decisões.

3 comentários:

Anónimo disse...

Após verificar estas movimentações da extrema-direita...Nem quero pensar no 10 de junho...Cuidado...eles andam aí...e pior que tudo organizados em "bandos"...será da Primavera???é que é nesta altura que se verificam as maiores migrações das mais variadas especies...

de Matos disse...

e assim vai portugal, ao seu melhor estilo

Carlos Sério disse...

o cravo

A 25 de Abril de 1974 e nos anos imediatos que se lhe seguiram, o cravo vermelho na lapela neste dia comemorativo traduzia, não somente o conforto da conquista da liberdade mas, sobretudo, a esperança do desenvolvimento económico e social do País.

A liberdade não constitui um fim em si mesmo, mas um meio para a melhoria das condições de vida dos cidadãos. A liberdade é condição necessária ao desenvolvimento estrutural, económico e social de um país, mas não é uma condição suficiente.

Ora, as esperanças acalentadas pelo 25 de Abril em proporcionar um maior bem estar aos portugueses estão longe de se encontrarem satisfeitas.
Muito pelo contrário, Portugal aparece hoje na cauda da Europa, com os mais fracos índices de desenvolvimento. Com 10 milhões de habitantes, Portugal possui 2 milhões de pobres e uma distribuição de riqueza que, ano após ano, acentua as desigualdades sociais.

Os obreiros dos desequilíbrios estruturais, das desigualdades sociais que se agravam e do frágil e distorcido desenvolvimento económico, não podem ser outros senão os políticos que conquistaram o poder no 25 de Abril de 1974 e nele se têm perpetuado. Bem instalados na vida, com o poder em suas mãos, é natural que se apresentem felizes, despreocupados e sorridentes de cravo vermelho na lapela.
De Almeida Santos e Vasco Lourenço passando por João Cravinho e Jorge Coelho até Manuel Alegre e Jaime Gama, a todos, a vida nestes últimos 32 anos lhes poderia ter corrido melhor.

Um 25 de Abril inócuo, um cravo vermelho como símbolo dessa inocuidade, como símbolo de uma liberdade castrada de seus objectivos, eis o que se afigura hoje aos portugueses o ritual comemorativo e repetitivo na Assembleia da República.