«Somos poucos mas vale a pena construir cidades e morrer de pé.» Ruy Cinatti joaogoncalv@gmail.com
30.4.06
MÁRTIRES
O HÁBITO DE DIZER MAL
O FRACASSO
Vasco Pulido Valente, in Público, 29.4.06
29.4.06
O TREINADOR
HEMINGWAY
O POBREZINHO NA LAPELA
O CINZENTO DE BRUXELAS
28.4.06
OS MANDARINS
Uma notícia do Público dá-nos conta de que o gabinete do Primeiro-Ministro se envolveu directamente na escolha do novo Director da Lusa. Uma notícia destas no tempo de Santana Lopes teria modificado por completo a agenda mediática. Mas esta, passou despercebida face à indiferença geral. Mas há que pôr os nomes às coisas. A notícia é ESCANDALOSA. Ela mostra sobretudo como José Sócrates não está a brincar em serviço e pretende controlar ferreamente a comunicação social. Num país civilizado, a notícia teria provocado demissões, inquéritos e protestos. Cá não. Afinal, ainda bem há pouco tempo um Governo que havia decretado o fim da recessão pretendia gastar uns cêntimos numa central de comunicação. Assim, visto que a recessão continua, sempre se poupam uns dinheirinhos. É usar o que há."
ANO 32
(publicado no Independente)
Nota: Este artigo foi escrito antes do discurso do PR proferido perante o Parlamento no passado dia 25. Sobre isso, pronunciei-me aqui.
27.4.06
A "ÉTICA REPUBLICANA"
EVERYMAN
LER OS OUTROS
"Foi um filósofo alemão - evidentemente alemão - Theodor W. Adorno, que o disse: após Auschwitz, não é mais possível. Pensar. Lembrar, sem dúvida. E escrever. Lamentar os mortos, chorar os vivos. E esquecer. Ergue-se contra isso a dor. Um museu. Mas a verdade decretada é que se esquece. Sempre. É esse o ofício da memória: fazer crer que é possível. Pensar, viver . E não ter visto tudo, nunca."
O "DEBATE"
MAIS NINGUÉM?
Adenda: Sobre o mesmo tema, João Morgado Fernandes.
UM RUDIMENTAR MODELO (actualizado)
Adenda: Paulo Pinto Mascarenhas esclareceu que a revista a que aludo é a Atlântico, no seu número de Maio, já à venda. Mais uma razão para eu gostar da Atlântico. É livre. E, de facto, o meu pedido de desculpas ao Paulo pelo lapso.
26.4.06
O LIMITE
PAÍS DO EUFEMISMO
País por conhecer, por escrever, por ler...
a versejar tão chique e tão pudico,
enquanto a língua portuguesa se vai rindo,
galhofeira, comigo.
País que me pede livros andejantes
com o dedo, hirto, a correr as estantes.
País engravatado todo o ano
e a assoar-se na gravata por engano.
País onde qualquer palerma diz,
a afastar do busílis o nariz:
-Não, não é para mim este país!
mas quem é que bàquestica sem lavar
o sovaco que lhe dá o ar?
Entrecheiram-se, hostis, os mil narizes
que há neste país.
País do cibinho mastigado
devagarinho.
País amador do rapapé,
do meter butes e do parlapié,
que se espaneja, cobertas as miúdas,
e as desleixa quando já ventrudas.
O incrível país da minha tia,
trémulo de bondade e de aletria.
Moroso país da surda cólera,
de repente que se quer feliz.
País tunante que diz que passa a vida
a meter entre parêntesis a cedilha.
no país da alcateia,
tão exterior a si mesma
que não é senão a fome
com que este país a come.
pergunta mesureiro: - Como vai a vida?
a importância e o papelão,
inaugurando esguichos no engonço
do gesto e do chavão.
lhes agradeça a fontanária ideia!
Corre boleada, pelo azul,
a frota de nuvens do país.
dum ombro que, com razão duvida.
vai transido mas transistorizado.
Cedilhado o cê, país, não te revejas
na cedilha, que a palavra urge.
manda-nos à mãe, à irmã, à tia,
a nós e à tirania,
sem perder tempo nem caligrafia.
que é a vida,
ó país,
que parece comprida!
já perde a paciência à nossa cabeceira.
baú fechado com um aloquete,
que entre dois sudários não contém senão
a triste maçã do coração.
na má vida, país, na boa morte!
País das troncas e delongas ao telefone
com mil cavilhas para cada nome.
tens, tão contrafeito...
Embezerra, país, que bem mereces,
prepara, no mutismo, teus efes e teus erres.
Desaninhada a perdiz,
não a discutas, país!
Espirra-lhe a morte pra cima
com os dois canos do nariz!
Um país maluco de andorinhas
tesourando as nossas cabecinhas
de enfermiços meninos, roda-viva
em que entrássemos de corpo e alegria!
Estrela trepa trepa pelo vento fagueiro
e ao país que te espreita, vê lá se o vês inteiro.
já o passo a meu filho, cansado de o olhar...
No sumapau seboso da terceira,
contigo viajei, ó país por lavar,
aturei-te o arroto, o pivete, a coceira,
a conversa pancrácia e o jeito alvar.
entornado de sono, resvalaste para mim.
Mas também me ofereceste a cordial botelha,
empinada que foi, tal e qual clarim!
INDECISÕES
25.4.06
VINTE E CINCO DO QUATRO
VINTE E CINCO DO QUATRO - 2
Filipe Nunes Vicente, in Mar Salgado
VINTE E CINCO DO QUATRO - 3
Helena Matos, in Blasfémias
VINTE E CINCO DO QUATRO - 4
"mais
ainda por cima cheira-me que o dinheiro dos impostos vai ser gasto a indmenizar estes cidadãos exemplares...
não sei não mas sempre se podia criar a DGCDTTMNAUMGDCC.... (direcção geral e central de tentamos tentamos mas não acertamos uma mas gastamos dinheiro cumó caraças)"
In Anarca Constipado
24.4.06
UMA COISA
John: I got one thing, same as you.
House: Really? Apparently, you know me better than I know you.
John: I know that limp. I know the empty ring finger. And that obsessive nature of yours, that’s a big secret. You don’t risk jail and your career just to save somebody who doesn’t want to be saved unless you got something, anything, one thing. The reason normal people got wives and kids and hobbies, whatever. That’s because they don’t got that one thing that hits them that hard and that true. I got music, you got this. The thing you think about all the time, the thing that keeps you south of normal. Yeah, makes us great, makes us the best. All we miss out on is everything else. No woman waiting at home after work with the drink and the kiss, that ain’t gonna happen for us.
House: That’s why God made microwaves.
23.4.06
NÃO ACABEM COM ELE
A FESTA DO DR. MEGA
Onde é que ele julga que está? Em Bayreuth? Na ópera de Zurique ou no Lincoln Center de Nova Iorque? Habitue-se.
O "DR."
22.4.06
LER OS OUTROS
SE UM VIAJANTE NUMA TARDE DE CHUVA
A VELINHA
"Faz o que eu digo, não faças o que eu faço
Francisco Trigo de Abreu, in Mau Tempo no Canil
TAMBÉM EU
"Festa?
Na televisão à noite, na rádio de manhã, nos jornais por todo o lado. Estou farto da Festa da Música. País erudito uma vez por ano."João Morgado Fernandes, in french kissin'
ÚLTIMA OPORTUNIDADE
21.4.06
EXEMPLARES
(publicado no Independente)
"NÃO SE ESTÁ BEM EM LADO NENHUM
20.4.06
COMENTAR O COMENTÁRIO
"A Rede está a mudar tudo, a criar coisas novas, a realizar outras muito antigas que as tecnologias até agora existentes ainda não permitiam e a dar eficácia a velhos, e muitas vezes maus, hábitos que existiam no mundo exterior e agora passam para o mundo interior da Internet. Alguns casos recentes voltaram de novo a mostrar a Internet sob uma luz pouco amável, bem preconceituosa aliás, porque nada do que lá se faz se deixou de fazer cá fora. [...] A caixa de comentários tornou-se numa espécie de chat, que parasita a notoriedade do blogue, como já acontecera no Espectro com os seus finais 484 comentários, onde as pessoas se encontram numa pequeníssima “aldeia global”, que tomam como sua. O comportamento destas pessoas-em-linha é compulsivo, eles “habitam” nas caixas de comentários que são a sua casa. Deslocam-se de caixa para caixa de comentário, deixando centenas de frases, nos sítios mais díspares, revelando nalguns casos uma disponibilidade quase total para comentar, contracomentar, atacar, responder, mantendo séries enormes que obedecem [...] São, na sua esmagadora maioria, anónimos, mas o sistema de nick names permite o reconhecimento mútuo de blogue para blogue. Estão a meio caminho entre um nome que não desejam revelar e uma identidade pela qual desejam ser identificados. Querem e não querem ser reconhecidos. [...] Trocam entre si sinais de reconhecimento, cumprimentam-se, desejam-se boas férias, e formam minicomunidades que duram o tempo de uma caixa de comentários aberta e activa, o que normalmente dura pouco. Depois migram para outra, sempre numa tempestade de frases, expressando acordos e desacordos, simpatias e antipatias, quase sempre centrados na actividade de dizer mal de tudo e de todos. Imaginam-se como uma espécie de proletariado da Rede, garantes da total liberdade de expressão, igualitários absolutos, que consideram que as suas opiniões representam o “povo”, os “que não têm voz”, os deserdados da opinião, oprimidos pelos conhecidos, pelos célebres, pelos “sempre os mesmos”. São eles que dizem as “verdades”. Mas não há só o reflexo do populismo e da sua visão invejosa e mesquinha da sociedade e do poder, há também uma procura de atenção, uma pulsão psicológica para existir que se revela na parasitação dos blogues alheios. Muitos destes comentadores têm blogues próprios completamente desconhecidos, que tentam publicitar, e encontram nas caixas de comentários dos blogues mais conhecidos uma plataforma que lhes dá uma audiência que não conseguem ter. Não são bem Trolls, sabotadores intencionais, mas têm muitas das suas formas perturbadoras de comportamento. A sua chegada significa quase sempre uma profusão de comentários insultuosos e ofensivos que afastam da discussão todos os que ingenuamente pensam que a podem ter numa caixa de comentários aberta e sem moderação. Quando há um embrião de discussão, rapidamente morto pela chegada dos comentadores compulsivos, ela é quase sempre rudimentar, a preto e branco, fortemente personalizada e moralista: de um lado, os bons, os honestos, os dignos, do outra a ralé moral, os ladrões, os preguiçosos que vivem do trabalho alheio e dos impostos dos comentadores compulsivos, presume-se. O que lá se passa é o Faroeste da Rede: insultos, ataques pessoais, insinuações, injúrias, boatos, citações falsas e truncadas, denúncias, tudo constitui um caldo cultural que, em si, não é novo, porque assenta na tradição nacional de maledicência, tinha e tem assento nas mesas de café, mas a que a Rede dá a impunidade do anonimato e uma dimensão e amplificação universal. O que é que gera esta gente, em que mundo perverso, ácido, infeliz, ressentido, vivem? O mesmo que alimenta a enorme inveja social em que assentam as nossas sociedades desiguais (por todo o lado existe este tipo de comentadores), agravada pela escassez particular da nossa. Essa escassez não é principalmente material, embora também seja o resultado de muitas expectativas frustradas de vida, mas é acima de tudo simbólica. Numa sociedade que produz uma pulsão para a mediatização de tudo, para a espectacularização da identidade, para os “15 minutos de fama” e depois deixa no anonimato e na sombra os proletários da fama e da influência, os génios incompreendidos, os justiceiros anónimos, o “povo” das caixas de comentários, não é de admirar que se esteja em plena luta de classes."
Adenda: Afinal, o texto pode ser lido na íntegra no Abrupto onde JPP já o colocou.
A POLÍTICA CANSA
19.4.06
A RAZÃO DE RATZINGER
O QUE MERECEMOS
PEP
A CONTINUIDADE FUNESTA
Cioran