2.2.04

SELVAGENS E PERIGOSOS



Um semana depois da ocorrência de uma morte trágica num estádio de futebol e após uma semana inteira de juras comovidas de ternura entre a grande "família" da bola, o País foi brindado com uma explosão de violência, dentro e fora dos muros do mesmo estádio onde, noventa minutos antes, se homenageara o jogador ali desaparecido. Para quem consome este produto, está-se a menos de seis meses do circo do Euro 2004. E quem atentar por uns instantes nas "actividades circum escolares" relativas ao evento, intui de imediato que está praticamente tudo por fazer e tudo mal preparado. Estes sinais de agressões entre jogadores e entre públicos são uma pequena amostra do que se esconde por detrás da segurança da coisa. Ou seja, quase nada. É que, em Junho, aos grunhos portugueses, vão juntar-se os desordeiros profissionais das claques das outras selecções europeias. A leveza do ministro adjunto Arnaut e do seu ajudante Loureiro, curvados às maçonarias das SAD's desportivas, bem como o afável registo de sacristão de paróquia do Dr. Figueiredo Lopes, não ajudam a melhorar as perspectivas. As polícias estão desmotivadas e anunciam pouco empenho. Acontece que a sociedade portuguesa mudou profundamente nestes últimos anos, e nem sempre e nem em tudo para melhor. O grosso das governações não entende isto. O País "doce" do Dr. Salazar jaz há muito morto aos pés, entre outros, das claques acéfalas do futebol. O rebanho pacífico e "habitual" de Salazar desapareceu para dar lugar a estes novos bárbaros, selvagens e perigosos.

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