11.2.04

RICHARD STRAUSS




Para aguentar , há que recorrer muitas vezes a bálsamos maiores do que vida. Nos livros, na música, num filme ou num corpo mergulhado em nós e nós nele, rasura-se por um instante esta insuportável banalidade quotidiana, de há muito orfã de Deus. A mesma pulsão que nos impele para a vida é já, nos seus interstícios, uma pulsão de risco e de morte. Eu encontro sempre demasiada dessa "vitalidade" crepuscular na música de Richard Strauss, particularmente nas suas Vier letzte Lieder e no poema sinfónico Tod und Verklärung (Morte e Transfiguração). Na versão preferida, a de Herbert von Karajan, com a Berliner Philarmoniker e a voz de Gundula Janowitz.

Im Abendrot ( o poema da "última canção" de Strauss, de Josef Karl Benedikt von Eichendorff )

Wir sind durch Not und Freude
Gegangen Hand in Hand:
Vom Wandern ruhen wir beide
Nun überm stillen Land.

Rings sich die Täler neigen,
Es dunkelt schon die Luft,
Zwei Lerchen nur noch steigen
Nachträumend in den Duft.

Tritt her und laß sie schwirren,
Bald ist es Schlafenszeit,
Daß wir uns nicht verirren
In dieser Einsamkeit.

O weiter, stiller Friede!
So tief im Abendrot,
Wie sind wir wandermüde -
Is dies etwa der Tod?

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