A FABULOSA VIDA DE UM GOVERNO
Por comparação com o mês de Janeiro de 2003, o défice público aumentou agora em cerca de 70%. Ao mesmo tempo, o Tribunal de Contas chamou a atenção para a circunstância de o sector empresarial do Estado andar financeiramente em perfeita "roda livre", situação com tendência a agravar-se com a demagógica "empresarialização" em curso designadamente nos hospitais e, eventualmente, nos teatros nacionais. O mesmo Tribunal lembrou que a irresponsabilidade tomou conta da gestão das empresas públicas e dos organismos SA, uma vez que é o puro critério político-partidário mais caciqueiro que normalmente justifica as escolhas. Ou seja, depois de devidamente "enterrada" uma "empresa", o nobre "gestor" é removido simpaticamente para outra, à escolha da respectiva tutela, sem muito mais. Com um pouco de sorte, alguns acabam no governo e vice -versa. Se tudo isto decorresse no recato da "propriedade privada", não era grave. Porém, como é o País todo quem paga estas subtis manobras de desorçamentação, o assunto deve ser mesmo levado a sério. Acresce que, ao que parece, nem o próprio Estado tem perfeito domínio sobre o "parque empresarial público": não sabe quantas "empresas" tem nem o que fazem exactamente. Podemos ainda acrescentar a aproximação ao meio milhão de desempregados ou a inépcia da receita fiscal para completar o mísero quadro dos inícios de 2004. Para tentar não perder mais comboios, Barroso assinou uma cartinha com alguns colegas da União Europeia, não só para provar que estamos vivos, mas sobretudo para "defender" a honra perdida do Pacto de Estabilidade e Crescimento, um cadáver nitidamente em férias. O objectivo é sempre o mesmo, esconjurar o presumível "directório" europeu e fazer de conta de que "contamos". Os "resultados" do "contrato" celebrado entre Santana, Portas e Barroso, necessariamente por esta ordem, estão a dar estes "sinais" maravilhosos. Assim vai a fabulosa vida de um Governo.
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