15.2.04

O AVENTUREIRO II

O Dr. Santana Lopes, segundo o Público, concertou a entrevista ao Expresso com o Dr. Durão Barroso. O objectivo seria não deixar o PSD refém de mais um eventual "tabu" de Cavaco Silva. Como quem diz: "o senhor está à cabeça da "lista", mas veja lá se diz que "avança" rapidamente, caso contrário está aqui um claramente disponível". Eu julgava que uma candidatura presidencial, para além de ter um programa, era fundamentalmente uma escolha de uma personalidade e de uma vontade (aquela e não outra qualquer), e o encontro dessa personalidade com a nação, a quem deve falar directamente. Com a "nova geração" no poder, a questão mudou de figurino. No "pensamento" desta gente está apenas a sobrevivência do contrato de governo com o PP, o que significa que, em vez de estar refém de Cavaco, o PSD está na realidade preso da sua própria insegurança e de Portas. Como não se pode "maçar" o lider do PP, o PSD abdica, em relação a todos os próximos actos eleitorais, da sua autonomia. Será justamente por causa do ciclo eleitoral que aí vem que muito provavelmente a "coligação" irá dar início à sua triunfal caminhada para o abismo. Por muitas razões, eu não lastimo que isso aconteça e não vejo aí qualquer sinal de catástrofe. Dada a razoável distância a que estamos das "presidenciais", não sei se esta prosaica e precoce ambição dos principais responsáveis políticos da maioria, não irá pôr em causa a hipótese de uma personalidade não oriunda do Partido Socialista poder ganhar a chefia do Estado, como até agora todos os estudos de opinião anunciam. Por isso mesmo, Cavaco deve estar soberanamente acima disto e não se deve "misturar". O País pode de repente cansar-se desta intrigalhada entre jovens famíliares, primos e afins e, não estando particularmente satisfeito com a prestação da "coligação", achar que prefere jogar pelo seguro, ainda que isso represente o seu sumário despedimento. Não nos ensinaram que em democracia há sempre alternativas?

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