Pedro Santana Lopes evoca o dia 2 de Dezembro de 1979, data da vitória da Aliança Democrática do PSD, CDS, PPM, Reformadores e independentes nas eleições legislativas intercalares. Foi obra. Apenas em cinco anos, a direita "legalizava-se" perante a revolução e com uma maioria absoluta. Durou praticamente o tempo de vida que restava a Sá Carneiro pois Balsemão, ontem como hoje, não contava. Mesmo assim, é com saudade, sobretudo olhando ao que se passa por aí, que recordo esse momento que acompanhei no Hotel Altis. Valia a pena o empenho político até porque, regra geral, as pessoas eram de valia. Entrei nisso tudo pela mão de Medeiros Ferreira que, felizmente, é um homem livre mesmo quando acometido de epifanias "sistémicas". Quem nasceu "nisto", dificilmente poderá perceber o significado daquela já longínqua vitória. Tudo se assemelha agora a tudo e todos a todos independentemente dos partidos e das simpatias. Tudo e todos são timoratos que receiam rupturas e que se acomodaram à medíocre situação em que consiste este regime "redondo", palavroso, nulo, negocista e concupiscente. Sá Carneiro venceu pela ruptura e, acreditem, em 1979 tal parecia uma missão impossível. Como chegámos a um Sócrates - e ao que ele denota - é um mistério do Entroncamento. Em certo sentido, erámos mais civilizados há trinta anos e possuíamos uma expectativa razoável de nos tornarmos numa coisa civilizada. Nada disso, porém, sucedeu apesar do betão e da Europa. Com graça ou sem ela (a grace inglesa), arrastamo-nos penosamente entre pequenos e grandes escândalos que passam nas tv's como soap opera. A direita é praticamente uma metáfora entregue a meia dúzia de vaidosos ensimesmados enquanto o país esmorece às mãos de catorze anos de "esquerda moderna" e de "temas" e "temáticos" tipicamente estúpidos. É uma terrível condenação.
16 comentários:
Sá Carneiro representou para mim tanta esperança! E na verdade era um pavão portuense brilhante mas prosaico também. Liderava!
Hoje represa-nos a liberdade essa bitola medíocre do pequeno cálculo por que todos se igualam a todos e todos se pautam.
Meu Caro Amigo:
Cada vez gosto mais de o ler.
Parabéns!
Pedro Coutinho, de Coimbra
acordei esta manhã a sonhar com a diferença entre renovação e inovação.
estou a compilar um trabalho sobre aquilo porque lutei em 50 anos de profissão:
transferência de tecnologia
(para os saloios pomposamente franchising)
o estado entregue a "criativos" ou "recreativos" não cria tecnologia,
gasta dinheiro em "investigação"
não consegui nem sequer a racionalização e padronização de embalagens
a rotura vai ser financeira
A solução está numa "revolução" dentro do PSD. Não é com moles do GParlamentar ou com o Passos Sócrates II que o abanão vai chegar.
É olhar para o País e fugir ao "mais do mesmo".
três anos antes preenchi a minha ficha de inscrição na jsd. Nessa altura o movimento era de "futuro" e nesse movimento havia muita militância. O debate era fantástico e as causas eram sublimes. Não sei se isto representa algum grau de saudosismo mas sei que ainda hoje tenho amigos "adversários" políticos. Penso que a discussão que agora se inicia no IFSC é muito importante para o País.
Este tempo foi o início da ilusão de que "isto" podia vir a ser alguma coisa de jeito...
PC
"A direita é praticamente uma metáfora entregue a meia dúzia de vaidosos ensimesmados enquanto o país esmorece às mãos de catorze anos de "esquerda moderna" e de "temas" e "temáticos" tipicamente estúpidos."
Ora, aí está o sentimento de "buried alive in a box" que me parece passa por grande parte de nós...
PC
Acrescentar algo mais é redundante.
João Gonçalves: atenção! Muito respeitinho, sim ?!
uma nova versão do "respeitinho"
chapeau.
Tenho para mim que se Sá Carneiro não tivesse sido assassinado o país seria outro.
O patriarca do socialismo (de merda, entenda-se) nunca teria tido poleiro em Belém e a maior parte dos politiqueiros de meia tigela que abundam por aí nem teriam saído da incubadora.
E, se assim não fosse, o sr. Vieira da Silva, na circunstância ministro de uma economia de grau zero, não se atreveria a 'confirmar' que existe "espionagem política" e, se o disse, é porque, como diz, tem "direito à indignação" (norma social introduzida pelo ex-presidente Soares e acual 'consciência'(?!) do socialismo, para socialistas e demais).
Pois é: o sr. Vê da Silva tem o 'tal' direito à indignação, mesmo que seja para desrespeitar os agentes da Justiça e tudo o que está no caderno da investigação às manobras socialistas.
Exemplar, este ministro e, pena é, que não seja único.
Coitado! dele e de nós.
Caro Sr. João Gonçalves, já estou na curva descendente da vida, tive esperança, neste país quando Sá Carneiro assumiu os comandos da governação, desde o seu assassinato que perdi a esperança de termos um país governável, e com políticos honestos, movidos por amor à causa pública, desprendidos do mais mesquinho materialismo, e seriedade intelectual impoluto. Somos a chacota dos países mais desenvolvidos, apontam-nos o facto de não diferirmo-nos muito do que acontece com o mensalão brasileiro.
Tudo isto tem sido uma tremenda desilusão , julgava que com o advento da democracia, teríamos direito a uma velhice sem sobressaltos, puro engano, o nosso amanhã será tão incógnito como para os jovens de hoje, lamentavelmente.
Cps
S. Guimarães
Um post exemplar.
Conciso, cirúrgico, instrutivo.
É nisto que o senhor é realmente bom.
"morri" no 4/12..e muitos morreram também. Então começou logo a seguir o divisionismo interno, a luta pelas nomeações de cima para baixo, deu no que deu..não me parece que o canteiro produza mais flores capazes. É como a lotaria, se calhar uma vez nunca mais se repete..infelizmente !
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