"O sr. primeiro-ministro negou ontem na televisão, indignadamente, que fosse "um especialista em relações públicas". Temos de o acreditar. Mas não há dúvida que ontem na televisão o sr. primeiro-ministro até pareceu "um especialista em relações públicas". Para começar, arrumou com brandura o caso da sua carreira académica, que afinal não é um caso. A Universidade Independente mandou e ele cumpriu. Quanto à burocracia, não sabe, nem se interessa. Quanto ao dr. António José Morais, que lhe "deu" quatro cadeiras, não o conhecia antes. Quanto ao resto, toda a sua vida de estudante só revela "nobreza de carácter", vontade de "melhorar" e de se "enriquecer" (intelectualmente). Um exemplo que ele, aliás, recomenda aos portugueses. Ponto final.A minha ignorância não me permite contestar explicações tão, por assim dizer, "transparentes". Claro que nunca ouvi falar de um professor que "desse" quatro cadeiras no mesmo ano ao mesmo aluno, nem num reitor que ensinasse "inglês técnico", nem num conselho científico que fabricasse um "plano de estudos" para "acabar" uma licenciatura. Falha minha, com certeza. Se calhar, agora estas coisas são normais. O sr. primeiro-ministro também declarou que ele e o seu gabinete não telefonam a jornalistas com a intenção malévola de os "pressionar". Pelo contrário, só os querem esclarecer. Ficamos cientes. Fora isto, Sócrates demonstrou facilmente que o governo é óptimo e que ele é determinado, decidido, inabalável, responsável e bom. Portugal inteiro está, como lhe compete, agradecido."
Vasco Pulido Valente (o nome do post é meu e o artigo vem no PÚBLICO)
3 comentários:
Na era das "fast news" e até das "notícias" de encomenda ou "merchandising de notícias", em que o nosso jornalismo vive - só para vender papel e audiências/publicidade, nunca se vai à Causa das Coisas, antes se foge dela a todo o vapor.
Quem é que criou a tristemente célebre PGA (pouco tempo depois abolida por vergonhosa)? Esta PGA (prova geral de acesso), mais não foi do que uma manobra prejudicial e escandalosa para o ensino português. Falou-se até na altura que eram precisamente os melhores alunos que obtinham baixa classificação na PGA, para os "enviar" como clientes das universidades privadas que abriram então como mercearias.
Ao meu filho mais novo, que foi sempre óptimo aluno e muito empenhado, coube em sorte "Escreva sobre futebol" (de que não sabia nada). Faltou-lhe 0,5 para entrar numa universidade pública e lá foi mais um cliente para a privada.
Sabem por acaso que a Ordem dos Arquitectos e a Ordem dos Engenheiros não aceita licenciados por algumas universidades privadas? Têm que ser novamente sujeitos a testes, exames, etc.
É só fazer a contas, isto passou-se em 1990 - P.M., C.S., Ministro da Educação Roberto Carneiro.
No denominado (por alguns) melhor governo de Portugal.
Eu licenciei-me numa universidade pública (a Universidade de Coimbra) e garanto-lhe, com conhecimento de causa,com a "bandalheira" era mais ou menos igual.
Um problema é o das universidades privadas oiu ALGUMAS delas, não todas!!! Outra coisa, é a atitude, o comportamento, o carácter do Sr. José Sócrates! O seu ar sempre austero, arrogante, antipático, com ar de Dono do Mundo, comportou-se, na entrevista da RTP, como um cordeirinho amansado, dócil, sorridente e até, para alguns, convincente (para mim e muitos outros, não o foi!). O marketing serve para isto: para passar o Vilão por Cordeiro!!!! E, neste aspecto, o Sr. José Sócrates foi um excelente actor.....
Só espero que os intelectualmente mais esclarecidos e honestos não deixem passar em VÃO este caso e que o Sr. José Sócrates seja desmacarado para exemplo dos nossos Jovens a quem se está a dar um mau exemplo!!!
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