Alguns anónimos comentadores ficaram muito indignados por isto. Acusaram-me, até, de falta de sensibilidade. Se bem percebi, consideram "natural" que uma menina de doze anos seja mãe em consequência de ter começado a praticar "educação sexual" antes mesmo de a escola lha ensinar, como mandam os bons costumes democráticos. Ela aprendeu por si, com os seus dois "namorados", à semelhança do que acontece com qualquer adolescente, seja ele da Lapa ou da Amadora. E não me pareceu que nenhum dos namorados fosse propriamente um menino como ela. Ora, em linguagem chã, isto é pedofilia e da grossa. Ou estes beneméritos imaginam que a dita só existe quando intervêm pilas e rabinhos? No caso da menina de doze anos, o crime praticado sobre ela com o seu consentimento é semi-público, ou seja, depende de queixa para prosseguir a acção penal. Ela e os seus - a avó foi mãe aos 16, a mãe dela, aos 14, e ela aos 12 - bem como os "teóricos" da coisa, acham que está tudo muito bem assim. Problema deles? Não. Problema nosso, do nosso primitivismo, e da sociedade de novos monstros que andamos alegremente a construir. Se isto é uma civilização, então não sei o que é uma civilização.
13 comentários:
Caro Senhor
A sua indignação é justa mas pelos motivos errados. Daí os comentários e a conversa de surdos com os comentaristas.
A educação sexual é realmente coisa válida e comprovada para resolver os problemas que detectou.
O Dr. Sampaio prega desde sempre que as meninas não devem iniciar a vida sexual antes da maturidade por isso escusa de vir tentar denegrir o trabalho dele. Não é por aí.
Também é verdade que lhe poderia apontar uma dúzia de exemplos de sociedades onde a maternidade na faixa dos 14 anos é moeda corrente e isso não tem nada a ver com pedofilia como é óbvio. O mundo é vasto e as ideias de felicidade, progresso ou humanidade são várias. Isto não é "relativismo cultural". É perceber que as mães de 14 anos da Amazónia aprenderam a viver num ecosistema sustentável e as meninas católicas e mães virtuosas de Lisboa se calhar não.
A despropósito: um dos regimes que mais protegia a virtude feminina era o dos talibans. Com a libertação as violações diárias recomeçaram.
O que definitivamente não ajuda na discussão é misturar pedofilia com o assunto (pedófilos eram os Gregos ditos fundadores da nossa civilização e ainda ninguém se lembrou de os criminalizar!).
A questão importante neste como noutros domínios é a de saber como é que a sociedade protege os seus elos mais fracos de forma a que a cadeia não se quebre. E se centrar a discussão aí vai concerteza encontrar mais pontos de vista semelhantes ao seu.
Se o caso em apreço fosse com uma rapariga de 16 ou 18 anos mantida na ignorância e forçada a prostituír-se o que mudava na minha indignação era nada. E na sua? E na do Legislador? É que pela maneira como pôs as coisas dá a impressão ...
Muito bem dito caro senhor Anonymous.
Uma criança de 12 anos grávida, pondere-se o que queira ponderar-se, é um sintoma miserável de uma sociedade em decadência de valores e de normas.
O confronto deste caso com sociedades tribais mais ou menos primitivas é absolutamente estúpido.
O que é estúpido é continuar a tapar o sol com uma peneira e fugir ao confronto com o mundo refugiando-se numa cartilha de baixa qualidade para catequisar otários. E quem é que falou em tribos? Na Amazónia não vivem essencialmente tribos. Mas mesmo que das tribos que lá vivem se tratasse haveria ainda que considerar se a sua forma de vida é assim tão expúria quando confrontada com a vida que se leva nos bairros degradados das metrópoles "evoluídas".
E também ninguém disse que uma criança de 12 anos grávida, pondere-se o que queira ponderar-se, não é um sintoma. Discute-se antes de que é sintoma. E quais são as causas.
A vida nas tribos de lugares mais primitivos é de longe superior em termos culturais à que se vive nos bairros degradados das grandes metrópoles. É uma vida feita dentro de um contexto cultural e social perfeitamente definido e socialmente equilibrado. O que não acontece nos bairros degradados. Num há ordem no outro há o caos e a desordem.
Num comentário a um postal anterior indignei-me com o seu discurso.
Recuso-me a dar mais para este peditório pela simples razão de que não é possível discutir com alguém que MISTURA CONCEITOS, como é o seu caso.E isto é básico e aplica-se a qualquer discussão!
O protagonismo que V busca, podia ser obtido através de meios menos ínvios.
Para o melting pot ter ainda mais glamour só lhe faltou mesmo adicionar a palavra "incesto" ao seu chorrilho de dislates.
Por que não quero acreditar que V não é uma pessoa séria, só posso mesmo concluir que o seu "modelo civilizacional" se me afigura irreal e distorcido face ao senso comum.
Se eu procurasse "protagonismo", acha que escrevia o que escrevo? E também acha que é do "senso comum" uma criança de 12 parir? Se acha, estamos conversados e, de facto, eu é que devo estar a viver na época e no local errados e não o meu amigo.
Não tapo nenhum sol com nenhuma peneira. Os valores e as normas estão ausentes desta república de merda. Ou ainda não deram por isso ? Vêm práqui com o sintôma e a causa do sintôma ? Já vi esse filme há trinta anos e sempre repetido com os mesmos argumentos.
Vão f... outro.
E, já agora, o ABORTO numa SITUAÇÃO DESTAS?
SIM ou NÃO
Não, naturalmente. Tudo foi feito com consentimento da nenina,da mãe da menina e de quem a observou. Quando "deu" por isso já ia em vinte e tal semanas, se bem percebi. Não foi violada. Por isso entendo que se trata de uma questão de civilização e não de qualquer outra natureza. E estão todos muito contentes ou não estão?
"Problema deles? Não. Problema nosso, do nosso primitivismo, e da sociedade de novos monstros que andamos alegremente a construir. Se isto é uma civilização, então não sei o que é uma civilização."
Absolutamente de acordo.
Vivemos num relativismo absolutamente horripilante, recuámos talvez à Idade Média ("dark ages"), não por falta de informação científica, ou formação, mas, por pura omissão, insensibilidade e irresponsabilidade:
- quer por parte da família que se limita a "remendar" o mal feito e jamais a prevenir;
- quer também por parte dos restantes intervenientes e/ou "teóricos" (escolas, formadores, psicólogos, etc.).
Por causa destas "ideias" é que se referendam os negócios da morte, em vez de se dignificar a vida tanto dos que são, como daqueles que hão-de ser... se tal lhes for permitido!
Em pleno séc. XXI e ainda não aprendemos que é preferível ensinar a pescar do que dar o pescado!!
"a avó foi mãe aos 16, a mãe dela, aos 14, e ela aos 12" Daqui a 10 anos, voltamos a ter a mesma conversa.
Não vale a pena... são todos uns merdosos... não vale a pena... até porque a alma é pequena...
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