12.9.06

NÃO VALE A PENA


A semana passada foi assinado o "pacto" sobre a justiça. Como se previa, os "operadores judiciários" fizeram logo um primeiro coro com a política no sentido do aplauso. Uns dias depois, alguns deles - juízes, por interposto sindicato -, depois de lerem a coisa com mais atenção, começaram a torcer o nariz. Se Deus quiser, não há-de ficar por aqui. O "pacto" foi uma resposta circunstancial da "política" ao susto que apanhou com alguns processos. Por isso, ele trata mais da "justiça formal" do que da "justiça material" que, previsivelmente, continuará ao sabor do caprichismo interpretativo que cada um lhe quiser dar. É por isso que, apesar do "pacto", todos os dias saem cá para fora "peças" de um processo chamado "Apito Dourado". O futebol está tão entranhado em praticamente tudo o que mexe como uma leucemia incontrolável. A naturalidade com que se aceita a permanência de determinados indivíduos à frente de instituições - os clubes de futebol - que passam por ser entidades de utilidade pública, é a mesma com que se encara a divulgação de peças processuais - escutas telefónicas - como arma de arremesso entre os diversos "gangs" da bola. Já nem sequer vale a pena falar dos que se eternizam, com a complacência dos poderes públicos, nos organismos oficiais e oficiosos do futebol (federação e liga). Para além de objectivamente medíocre, esta gente é perversa e exibe diariamente, com nítido sentido de gozo, a sua impunidade. Por melhores que sejam as intenções do "pacto"e o sonho presidencial de "um regime de sonho", a realidade encarregar-se-á de os desmentir metodicamente. Acreditem. Não vale a pena.

4 comentários:

Anónimo disse...

Sabe qual é a minha opinião sobre o pacto na justiça? Vai sobrar para os jornalistas, como dizem os brasileiros. Não tarda haverá alterações à lei de segredo de justiça, de tal forma que se deixa de noticiar o que quer que seja até um juiz autorizar e como os dois maiores partidos - o "centrão" - estão metidos na coisa, nem a televisão pública nem os média privados se vão preocupar muito com isso. Daqui a um ano fazemos um discreto abaixo-assinado pela liberdade de informação, 'tá bem?

Anónimo disse...

Li não sei onde que apareceu uma nova publicação desportiva mas fiquei sem saber se será apenas impressa ou se será audio e vídeo em simultâneo. Já agora...

Anónimo disse...

Caro João,
ao ler no DN de hoje a notícia intitulada "Bloco central deixa fora do acordo medidas de combate à corrupção" fiquei sem perceber se tal se deve à impossibilidade de acordo entre os partidos por visões diferentes e irreconciliáveis sobre a matéria, ou se estão os dois tão profundamente de acordo que qualquer pacto se torna desnecessário e supérfluo.

Escrevia o Marquês de Custine sobre a Rússia Czarista de meados de oitocentos que havia um silêncio supérfluo que assegurava o silêncio necessário. Não se aplica o mesmo na sociedade portuguesa contemporânea?

O amigo, que parece pessoa avisada, escreva um dia destes um post sobre o assunto.

Anónimo disse...

Sou advogada.Constato que entre os chamados operadores judiciários(expressão hedionda, mas vá lá) que conheço pouco se ouve sobre o dito Pacto.Receio bem que pouco adiante no atoleiro judicial que todos temos de vencer um dia atrás do outro.