16.12.09

VIDAS

O Filipe é dos poucos bloggers que vive na realidade e que, fora umas amabilidades com gente que só a pontapé, a resume no que ela tem de essencial, seja trágico, alegre ou meramente melancólico. E a vida - designadamente a dos trabalhadores das "grandes superfícies" onde praticamente todos nos vamos "aviar" - é isto e não as punhetinhas que os bloggers e os articulistas executam uns aos outros em jogos florais amiguistas disfarçados, muitas vezes, de um antagonismo meramente retórico. «Sejam 60 ou 70 horas semanais, tirem-se da vossa vidinha e imaginem-se. Se forem 70 horas, siginifica que a mãe, ou o pai, ou ambos, trabalharão uma média de 10 horas diárias. Saem às 08.00h e chegam ás 20.00h? Não: saem às 06.30h e chegam às 21.30h, porque não moram ao lado das lojas nem usam helicópteros. Os patrões são, por norma, gente conservadora e de família. E é assim que a defendem? Badamerda.»

5 comentários:

Anónimo disse...

Parece-me um exemplo de non sequitur.
1º parte do princípio de que condições de vida duras contribuem para a degradação dos casamentos. Pode ser que sim, não sei, mas o casamento sobreviveu ao trabalho de sol a sol e às más condições do operariado do sex XIX.
2º o non sequitur propriamente dito, o que tem tudo isto com o «casamento» homessexual? Quem não se preocupa em dar muito tempo aos casados não pode opor-se aos «casamentos» homossexuais, tem alguma falta de legitmidade? Qual o nexo lógico?

Garganta Funda... disse...

Realmente mete-me nojo ver e ouvir alguns «arautos» da família, bem posicionados na vida, com as missas em dia e as indulgências liquidadas, a barafustar contra os direitos dos trabalhadores que também têm familias e filhos e que esperam ansiosamente a quadra de Natal para estarem juntos.

Que raio de benefício e felicidade traz a nós e à sociedade se os hipers e todas essas "grandes superfícies" estiverem abertas até às "quinhentas"?

Para venderem tralha, esterco alimentício, bugigangas e «ofertas de última hora» e que mais não é do que uma técnica para «enxugar» o 13º mês de quem já pouco tem?

E se os «arautos» da família e das virtudes públicas, estivessem uma hora antes da consoada ou da Missa do Galo a esfregarem sanitas ou à espera dum autocarro da Carris?

O Natal não é quando um homem quiser.

O Natal é no dia 25 de Dezembro.

Anónimo disse...

Sou o anónimo das 3:03, e desculpe abusar, mas lembrei-me - e anedota vale o que vale - que uma experiência de horário de 30/35 horas, flexível, numa fábrica da Wolkswagen fez disparar os divórcios nos trabalhadores. Li a notícia há muito, mas parece que as mulheres se queixavam, essencialemnte de verem os maridos tempo a mais.

Anónimo disse...

Se eu me sinto um bocado emcurralado neste sítio mal frequentado, como se sentirão pessoas como estas, com menos formação, menos argumentação, menos capacidade socio-económica... A sério, deve ser complicado.

PC

José Maia disse...

Gostava de perguntar ao anónimo do "non sequitur" se o trabalho de sol a sol e as más condições do operariado do séc XIX são algum exemplo a seguir. São aquilo que se viu com as consequências que se viu. Já para não mencionar que, por muito que os casamentos tenham resistido (até porque se trabalhava frequentemente em família), foi o principio desta era do cônjuge descartável.