O Público de hoje dá um espaço alargado para a discussão do casamento homossexual (obrigado, Público). A coisa é pomposa, com chamada de primeira página e tudo (não vá haver duas ou três pessoas que até compram o jornal, sim senhor, mas não se passeiam pelas páginas de opinião alheia). Ora, eu, como interessado nestas matérias, que sou, fui lá ver. Primeiro vem a opinião favorável ao casamento homossexual. Não li. A fotografia tinha um rapaz de camisola que era apresentado como um «activista do movimento LGBT». Não gosto de «activistas». Mexem com a minha costela conservadora. Estão sempre a gritar e a fazer macacadas. Calhando ainda apanhava uma pontuação demasiado expressiva, tipo três pontos de exclamação seguidos, e não estou para isso. Saltei para a página seguinte, a do não. Assim que lá entrei vi logo um senhor de fato e gravata, que, ainda por cima, era professor universitário. A minha costela provinciana começou logo aos saltos e ia todo lançado para ler a coisa. Até que cheguei ao título (sim, demorou). E o título reza assim: «os falsos argumentos jurídicos do ‘casamento homossexual’». Para além de não apreciar especialmente títulos com mais de trinta caracteres incluindo espaços (este tem 57), fiquei chocado com a machadada que o senhor de fato e gravata deu a séculos de Filosofia (daquela a sério). Dizer que há argumentos falsos é como dizer que há dores amarelas. Não faz sentido. Falsas são as proposições, as premissas – e é se forem. Os argumentos simplesmente são válidos ou inválidos, são plausíveis ou não e até podem ser sólidos, mas isso já é muito avançado. Este senhor, antes de vir bater-se por uma causa, devia ler os manuais escolares de Filosofia (já nem lhe peço para ir mais além, que não sou má pessoa). Resumindo, fiquei com o dia estragado. Queria tanto ler boas opiniões (sim, porque se as opiniões estão publicadas nos jornais é porque são boas, oras) sobre temáticas destas. O que vale é que ainda tenho a coluninha do Miguel Esteves Cardoso, para me regalar.
3 comentários:
Este texto é a cereja em cima do bolo de idiotice cujo primeiro ingrediente foi a dita fotografia e a sua publicação.
E é também um triste retrato dos assuntos com que se ocupam os jornalistasm, os politicos, os comentadores e até os jovens imberbes.
Que miséria...
Ó sr. Anónimo, tenha a bondade de ir comer um chocolatinho, que isso passa.
Já estive num post do João Gonçalves a alvitrar isto. Acho que, por maioria de razão tenho que o fazer num do Tiago:
A lei "panelokas" só será iminentemente eficaz se a Igreja Católica não tiver escapatória: há que obrigar a Igreja Católica a "celebrar" estes "casamentos". A cerimónia é mais bonita... E, portanto, nada de discriminações.
PC
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